O Portal iMulher traz exemplos de produtos brasileiros exportados que interessam aos norte-americanos; portanto, há espaço para negociações.
Setor de pesca
O setor de pesca brasileiro começou a sofrer os impactos da alta tarifa imposta aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Os reflexos da nova tarifa já apareceram.
Importadores americanos cancelaram remessas de pescado do Brasil que tinham sido contratadas porque o produto chegará nos Estados Unidos. depois de 1º de agosto, quando a nova tarifa entra em vigor.

No dia 10 de julho, havia 58 containers de pescados parados nos portos brasileiros. O produto estava sem destino certo. A Europa não compra peixes do Brasil desde 2017; a Ásia é abastecida de peixes por países da região. Os Estados Unidos poderão passar a comprar de países da América Central.
No Brasil, as indústrias compram os peixes de barqueiros artesanais, que navegam em jangadas e pequenos barcos, e transformam o pescado em produto de exportação. Sem mercado, as indústrias deixarão de comprar dos barqueiros, que sofrerão as consequências diretamente.
O pescado que se encontra nos portos poderia ser vendido no mercado interno num primeiro momento. No longo prazo, o mercado brasileiro não consome toda a quantidade produzida.
As negociações se fazem urgentes para o setor.
Setor de café
Os exportadores de café avaliam que o tarifaço prejudica brasileiros e americanos. 76% dos americanos tomam café diariamente e um terço do café consumido nos Estados Unidos vai do Brasil.
A tarifa de 50% terá impacto na economia americana.
Setor de carne
A tarifa de 50% pode deixar inviável a exportação de carne para os Estados Unidos, segundo maior importador da carne bovina brasileira.
O Brasil exporta carne para mais de 150 países, mas torna-se difícil encontrar de imediato mercado para a quantidade vendida para os Estados Unidos.
Setor de aço
O aço exportado para os Estados Unidos estava sobretaxado em 50% desde o mês de junho. O receio é que a nova taxa dificulte as negociações em andamento.
Setor aeronáutico
60% da produção de aviões da Embraer destinam-se aos Estados Unidos. A Embraer estima que cada aumento de 10% nas tarifas do setor equivale à diminuição de 95 milhões de dólares em sua receita.

A legislação norte-americana estabelece tamanho e peso máximos das aeronaves utilizadas no transporte regional do país. A Embraer produz jatos menores e tem excelente mercado das companhias norte-americanas; praticamente não tem concorrentes. A Boeing e a Airbus produzem aviões de grande porte, para viagens internacionais.
A Embraer tem encomendas de 336 jatos de pequeno porte, sendo 181 para empresas norte-americanas.
A Flexjet, empresa que negocia jatos particulares nos Estados Unidos, assegura que a nova tarifa não valerá para as encomendas já feitas, mas não pode assegurar nada em relação a futuros pedidos. Ela tem encomenda de 212 jatos, no valor de 7 bilhões de dólares, para 2026.
Existe, portanto, interdependência entre os jatos produzidos no Brasil e os interesses norte-americanos.
Negociação
Os exemplos citados mostram que a tarifa elevada, imposta a produtos brasileiros, afetará a economia e os negócios de empresas norte-americanas e evidencia que há espaço para negociações.
Depende de o governo brasileiro sentar-se à mesa e negociar.