Bebê reborn
Bebês reborn são bonecas de arte feitas à mão, que se assemelham a bebês humanos com o máximo de realismo possível.
Existem bebês reborn que choram, fazem pipi, movimentam os braços à semelhança de bebês humanos.
Os interessados podem comprar o bebê reborn e kits que incluem peças de boneca e suprimentos para criar o bebê reborn. Roupas, fraldas para o que faz necessidades, mamadeira para o que mama e outros, de modo fazer com que o bebê reborn tenha maior realismo.
O hobby de criar bonecas reborn começou no início dos anos 1990, quando os entusiastas de bonecas queriam bonecas mais realistas. A indústria foi se aprimorando para atender ao gosto dos consumidores.
Interesses pelo bebê reborn
Muitos motivos levam alguém a adquirir bebê reborn. Lidar com a dor de uma criança perdida, colecionadores de bonecas normais, suprir carência afetiva, ter companhia em casa a quem dedicar afeto e atenção. A aparência realista da reborn ajuda o adulto a criar vínculo mais forte com o bebê reborn.

Adoção de bebê X cuidar de bebê reborn
Criar filhos é difícil, dispendioso e exige total dedicação a ele. As responsabilidades de criar filhos são muito grandes.
As pessoas carentes que não têm filhos ou não podem tê-los; ou que se sentem sós; ou que sentem que têm afeto a dedicar a alguém; adotam bebês reborn. Bebês reborn podem ser deixados sozinhos em casa durante todo o dia e não trazem responsabilidade de alimentar, de educar, não dão despesas. O adulto pode sair de casa pra trabalhar e deixar o boneco sozinho o dia inteiro. Com filho isso não seria possível.
Os adultos querem ser pais (sim, há homens que adquirem bebês reborn) na plenitude, em todos os aspectos de uma mãe natural. E adotam bebês reborn.
Adotar o boneco é forma de superar carências? De extravasar sentimentos de carinho e afeto? De dedicar-se a alguém, mesmo que um boneco que, diante dela, parece adquirir vida? Ou a aquisição de bebês reborn mostram exagero de uma sociedade doente, solitária, carente, que dedica mais afeto a pets e a bonecos que a humanos?
Exageros
O problema maior reside no exagero. Os adultos transferem para o bebê reborn o sentimento que eles, adultos, sentem, como se o boneco os sentisse.
Nas redes sociais, há vídeo de uma mulher com seu bebê reborn em carrinho de bebê que se sentiu no direito de entrar na fila preferencial de supermercado.
Há também o vídeo de um homem que está à procura de uma terapeuta de bebê reborn elfo. Sim, ele cria um bebê reborn elfo e alega que o seu bebê reborn elfo está frustrado porque não tem terapeuta especializada em elfos para prestar-lhe atendimento.
Mães reborn levaram os seus bebês reborn a postos de saúde em busca de vacinação e de tratamento para eles.
Pais reborn procuraram padres para fazerem o batizado de bebês rebornes. O padre Chrystian Shankar, da Diocese de Divinópolis (MG), divulgou na 6ª feira (16.mai.2025) uma nota se recusando a batizar bebês reborn e realizar outros ritos católicos em bonecos:
“Não estou realizando batizados para bonecas reborn ‘recém-nascidas’. Nem atendo ‘mães’ de boneca reborn que buscam por catequese. Nem celebrando missa de Primeira Comunhão para crianças reborn. Nem oração de libertação para bebê possuído por um espírito reborn. E, por fim, nem missa de Sétimo Dia para reborn que arriou a bateria. Essas situações devem ser encaminhadas ao psicólogo, psiquiatra ou, em último caso, ao fabricante da boneca”.
O Padre Christian publicou a nota em seu perfil no Instagram, que tem 3,7 milhões de seguidores.
Noutro vídeo, a mãe reborn oferece o peito ao bebê reborn para mamar e critica o SUS que negou atendimento a sua “filha” reborn. Ao mesmo tempo, ela agradece a um vereador “sério”, que instituiu o Dia da Cegonha Reborn, que será comemorado no dia 4 de setembro.
Em Goiás, um casal que se divorciou disputou na Justiça o direito da guarda do bebê reborn.
Pretender dar vida e sentimentos a um boneco; pretender que o boneco sinta aquilo que seus donos humanos sentem; pretender que o boneco tenha atitudes e comportamentos de seres humanos; pretender que o boneco reborn seja batizado e catequizado; tudo isso beira a insanidade e comprova que a sociedade, como um todo, não está sadia.
“Há algo de podre no reino da Dinamarca”, como diria Hamlet. A famosa citação de Hamlet, de William Shakespeare, que significa que algo está errado ou corrompido em algum lugar ou situação, cabe bem no caso.
1 comentário
Será o “fim dos tempos”?