Conhecer a história da música faz apreciá-la mais.
1 – A canção de Konstantin Podrevski e Boris Fomin
A canção “Por um longo caminho” (tradução literal do título russo), de Konstantin Podrevski e Boris Fomin, é considerada como a canção russa mais conhecida, mais até do que “Katiusha” e “Noites de Moscou”.
Composta em 1924, Tamara Tsereteli a gravou em 1925 pela primeira vez e logo a música alcançou grande sucesso. A canção é a terceira na relaçã das músiucas russas mais conhecidas: Dorogoi Dlinnoiu.
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2 – A censura
Em 1917, houve a Revolução Russa que implantou o regime comunista na Rússia. O Czar Nicolau II foi obrigado a abdicar do trono e, na madrugada de 16 para 17 de julho de 1918, Nicolau II, sua mulher, seu filho, suas quatro filhas, o médico da família imperial, um servo pessoal, a camareira da imperatriz e o cozinheiro da família foram executados.
A Rússia se propôs a criar a sociedade comunista perfeita e, para isso, quis cortar os vínculos com o passado para viver plenamente o comunismo. Estabeleceu rigorosa censura e proibiu tudo o que se referia ao passado do país.
3 – A música “Por um longo caminho”
A música de Konstantin Podrevski e Boris Fomin, sentimental, relembrava os tempos antigos. O governo comunista a viu como saudosista dos tempos imperiais, como antissoviética e contra a Revolução Comunista e proibiu sua execução no país.
4 – A letra original
A letra original em russo cantava:
Vocês iam na troica com guizos,
E ao longe cintilavam faíscas.
Ah, me bastaria segui-los agora,
E livraria minha alma da saudade…
Refrão:
Por um longo caminho, por uma noite enluarada,
Com aquela canção que voa longe tilintando.
Canção antiga, tocada a sete cordas,
Que tanto me torturava à noite.
Por um longo caminho, por uma noite enluarada,
Com aquela canção que voa longe tilintando.
Canção antiga, tocada a sete cordas,
Que tanto me torturava à noite.
É, quer dizer que cantamos à toa,
Em vão clamamos noite após noite.
Se acabamos com o que era antigo,
Daí essas noites também morreram.
A letra não criticava o novo regime e nem exaltava o Czar Nicolau; cantava a nostalgia dos antigos tempos e das antigas noites. Foi o suficiente para que o governo a censurasse e proibisse sua execução.
5 – A música sobreviveu
Proibida na Rússia, os emigrantes que fugiram da Rússia a cantavam na Europa Ocidental e nos EUA.
No final da década de 1950, o governo russo reabilitou a música sentimental e muitos cantores regravaram “Por um longo caminho” e lhe deram popularidade.
6 – Novo pico de popularidade
Em 1967/1968, o ex-Beatle Paul Mccartney, frequentador do club londrino Blue Angel onde russos se apresentavam, ouviu a música e encantou-se com a sonoridade da canção. Adquiriu os direitos da música e a ofereceu à cantora Mary Hopkin, que a fez estourar na versão em inglês com o título “Those were the days”. “Those were the days” alcançou o primeiro lugar das mais tocadas na Inglaterra e o segundo lugar nos Estados Unidos.

O sucesso foi tão grande que a música foi regravada em outros idiomas —incluindo o português. Em castelhano, a música recebeu o título “Que tiempo tan feliz”; em francês, “Le temps des fleurs”; em italiano, “Quelli erano giorni”; em alemão, “Am jenem Tag”; e em português “Aqueles tempos”, na voz da cantora Joelma Giro, que cantou no tempo da Jovem Guarda e não Joelma Mendes, ex-integrante do conjunto Calypso.
7 – Sílvio Santos
O apresentador Sílvio Santos foi quem tornou a música mais conhecida no Brasil, pois usou-a em seu programa “Show de Calouros” para fazer a apresentação dos jurados que julgavam os calouros.
Há quem ache que o Sílvio Santos foi o autor da música.
Saiba a origem da música do “Show de Calouros”, de Silvio Santos