Que você faz enquanto espera pelo sanduíche que você pediu no Mcdonald’s? Normalmente, fica vendo mensagens no celular, conversando com quem está a seu lado ou não faz nada e aguarda ansiosamente o pedido para saciar a fome.
Ontem me surpreendi enquanto aguardava o pedido. Sozinho e desinteressado pelo celular, mesmo porque procuro evitá-lo a fim de não permitir que ele me domine, me pus a olhar a nota fiscal do pedido.

A nota fiscal especifica os impostos cobrados sobre o valor da nota, de acordo com a Lei 12.471, também conhecida como Lei do Imposto na Nota, que determina que os emissores de documentos fiscais discriminem os tributos.
Os impostos aparecem especificados nas notas fiscais e nós, como que conformados com a extorsão e porque temos de pagar mesmo, não costumamos dar importância ao valor dos impostos cobrados. Não seguimos o exemplo de Tiradentes que se revoltou contra a Coroa Portuguesa que cobrava um quinto de impostos, ou seja, 20%.
Pois bem. O pedido no McDonald’s ficou em R$ 45,80. Valor na média, pois os preços estão altos e aumentando cada vez mais. A surpresa veio depois ao conferir a nota.
Sobre o valor de R$ 45,80, incidiu o imposto de R$ 14,40, sendo R$ 6,16 de impostos federais e R$ 8,24 estaduais. 31,4% do sanduíche e das fritas que paguei são impostos destinados aos governos estadual e federal. Tiradentes se sentiu explorado e extorquido porque pagava 20% de impostos; nós estamos pagando 31%, quase um terço do valor do produto, e não falamos nada.

Isso sem contar os impostos cobrados sobre o diesel e a gasolina utilizados no transporte das mercadorias; sobre o papelão e o guardanapo; e alguns outros que os tributaristas saberão especificar com exatidão.
Aceitamos passivamente porque não temos noção dos altos valores de impostos que pagamos. Porque não defendemos nossos direitos. Porque nos conformamos em pagar altos impostos, e os políticos acostumaram-se a aumentar impostos sob a complacência e a indiferença de todos. Porque ninguém reclama. Porque aceitamos a submissão e nos sujeitamos às imposições dos que mandam.
“O homem é livre no instante em que deseja ser.” –Voltaire, em seu livro Cândido, de 1759.
O povão precisa pagar impostos altos para manter salários astronômicos cheios de penduricalhos do Judiciário; as viagens da numerosa comitiva presidencial (todas regadas com valores adicionais de diárias. A comitiva presidencial na viagem do presidente ao Japão tinha mais de 100 pessoas, a maioria políticos.); as viagens da primeira-dama cercada de assessores (quisera entender a razão de alguém que não tem cargo no governo ter assessores. Assessores de quê? Assessores pra quê?); salários e penduricalhos de políticos em todos os níveis; para pagar órgãos de imprensa para falarem bem do governo; para contratar marqueteiro para aumentar a popularidade do presidente.
O pior é pagar altos impostos e não receber em troca a devida contraprestação de serviços em forma de hospitais, escolas, estradas e segurança.
Eles se acostumaram a cobrar impostos e se acostumaram com a passividade de todos nós. Nós nos acostumamos a pagar, sem reclamar, aceitando passivamente ser explorados e nada receber em troca.
Que surja outro Tiradentes para levantar o país contra o abuso atual.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do Portal iMulher.