Belle Gibson, influenciadora australiana, tinha aplicativo, fez fortuna e angariou seguidores. Com base em mentiras.
A influenciadora Belle Gibson
Annabelle Natalie Gibson (nascida em 1991) tornou-se conhecida como a influenciadora Belle Gibson que surgiu nas redes sociais australianas em 2010 e arrebanhou mais de 200 mil seguidores em seu perfil no Instagram.
Ela alegou que foi diagnosticada com câncer terminal no cérebro em 2009, mas conseguiu prolongar sua vida após fazer tratamento natural com nutrição adequada, dieta, medicina natural e medicina alternativa.
Em 2010, Gibson lançou o aplicativo de nutrição chamado The Whole Pantry (a despensa inteira, em tradução livre) que conquistou milhares de internautas atraídos pela alegação da cura do câncer.
Mais de 300 mil internautas adquiriram o aplicativo, que custava 3,79 dólares australianos, o que rendeu a Gibson fortuna estimada em cerca de R$ 4 milhões no câmbio atual.
Em 2013, The Whole Pantry foi eleito o melhor aplicativo de comida e bebida da Apple.
Gibson sensibilizou ainda mais o público ao alegar que havia passado por cirurgias cardíacas e que havia morrido momentaneamente durante uma delas.
Em 2014, Belle Gibson lançou um livro de receitas com o mesmo nome do aplicativo.
Pessoas doentes e parentes de pessoas doentes buscam avidamente pela cura da doença e se apegam a qualquer promessa ou fio de esperança que surge.
A mentira
Belle Gibson é apenas mais uma “influenciadora” golpista, que foi condenada pela justiça australiana. Ela fez carreira, fez sucesso e reuniu grande fortuna em cima de grande mentira, pois nunca teve câncer e nunca foi diagnosticada com a doença.
Em abril de 2015, Gibson acabou com a farsa. Durante entrevista à Australian Women’s Weekly, ela admitiu que nunca teve câncer e declarou: “Nada disso é verdade… Eu não quero perdão. Eu só acho que [falar] foi a coisa responsável a se fazer”.
Outras mentiras
Gibson afirmou que destinaria a instituições de caridade parte do dinheiro que recebeu de doadores e do dinheiro arrecadado com a venda do aplicativo.
Ela começou a ser desmascarada quando os repórteres Beau Donelly e Nick Toscano confirmaram que ela não fez a doação às instituições de caridade. Gibson ainda tentou alegar que atrasou as doações em razão de fluxo de caixa, mas a justificativa não colou. A farsa tinha sido descoberta.
Ela não conseguiu comprovar as alegações sobre as cirurgias a que fora submetida e não apresentava cicatrizes no corpo. Ela não conseguiu sequer lembrar o nome dos médicos que a diagnosticaram e que trataram dela.
A condenação
Quando estourou o escândalo, a editora Penguin Austrália, que lançara o livro de Gibson, suspendeu a distribuição e a venda da obra.
O aplicativo da influenciadora foi removido da loja da Apple. Evidentemente, ela deixou de atuar como “influenciadora”.
O Consumer Affairs Victoria (agência governamental sediada no estado australiano de Victoria que protege e promove os interesses dos consumidores) moveu ação legal contra Gibson. O Tribunal Federal da Austrália aplicou multa de 410 mil dólares australianos (perto de 1,5 milhão de reais no câmbio atual) a Gibson.
Policiais australianos vasculharam a casa da “influenciadora” nos anos de 2020 e 2021 para tentar recuperar os valores da multa. As últimas informações do caso dão conta de que, até fevereiro de 2025, Gibson ainda não havia pago as multas.
A série
A história de Gibson é tão inverossímil e mais parece obra de ficção que a Netflix lançará a série “Apple Cider Vinegar” (Vinagre de Maçã, em tradução livre), narrando o sucesso e a queda da influenciadora após ser desmascarada.

A produção se autointitula “história real baseada em mentira”.
Influenciadores
As redes estão cheias de pessoas denominadas “influenciadores”, que conquistam o público com ostentação, fotos de viagens, vida luxuosa.
É preciso muito cuidado ao selecionar os seus “influenciadores” e os de seus filhos.