DOBRADO MILITAR
O dobrado, gênero musical brasileiro, teve sua origem no passo dobrado das marchas militares europeias. A marcha militar, o próprio nome diz, é a peça musical escrita originalmente para acompanhar a marcha de militares. No Brasil, os dobrados militares desenvolveram características próprias
O GÊNERO DOBRADO MILITAR
Gêneros musicais são categorias que contêm peças musicais que compartilham elementos comuns.
Assim temos o gênero sacro (música própria da tradição religiosa cristã católica e ortodoxa própria para ritos religiosos); a MPB, jazz, bossa nova, samba, valsa e outros.
Épocas também podem definir gêneros musicais: há a música barroca (Vivaldi, Bach), a romântica (Beethoven, Brahms, Tchaikovsky) e outros.
O COMPASSO
Compasso é a forma de dividir os sons da composição musical com base nas batidas e pausas. Os compassos definem a unidade de tempo e o ritmo da composição ou de partes dela.
A valsa possui o compasso ternário, isto é, 3 tempos: duas batidas fortes e uma fraca. O bolero tem o compasso quaternário: 4 tempos, sendo 3 batidas fortes e uma fraca. O rock, também quaternário, tem 4 batidas, todas fortes.
O dobrado militar é binário, de dois tempos, sendo uma batida forte e uma fraca. Por essa razão, os militares contam 1-2 ao marcharem, sendo o 1 na batida forte e o 2 na batida fraca.
O COMPASSO BINÁRIO
Embora não seja regra, o dobrado é executado no compasso binário, que também existe em ritmos populares como o samba, o baião, a rumba, a bossa nova, o blues e o frevo.
Assim, é possível transformar esses ritmos em dobrados ao som dos quais os militares podem marchar, embora eles não tenham a marcialidade e a imponência que os dobrados têm e que incentivam a marcha e o entusiasmo na marcha.
Inversamente, dobrados podem ser executados com arte ao piano e por outros instrumentos. É comum leigos pensarem que dobreados são de execução simples em razão do compasso binário. Muitos são complexos e exigem bastante do instrumentista. Vejam, por exemplo, a dificuldade e a beleza desta execução e do olhar de admiração dos demais músicos e da plateia:
ORIGENS DO DOBRADO
O dobrado militar brasileiro mais antigo é o Dobrado Número 17, de 6 de janeiro de 1877, de autoria de José da Anunciação Pereira Leite, que residia em Sergipe, o que demonstra que o gênero já era difundido no país na segunda metade do Século XIX.
As partituras originais deste dobrado encontram-se arquivadas no acervo do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
AS BANDAS DE MÚSICA MILITARES
As Bandas de Música militares são integradas por músicos profissionais, de quem é exigido profundo conhecimento musical. Os músicos fazem provas constantes a fim de que, pelo conhecimento e conduta profissional, obtenham acesso a promoções na carreira.
É muito comum haver compositores entre os músicos das bandas militares.
As bandas executam repertório variado: valsas, choros, tangos, maxixes, sambas e músicas clássicas, dentre outros gêneros. O gênero principal e mais profundamente identificado com o som das bandas é o dobrado.
DOBRADOS MAIS POPULARES
Os dobrados mais populares e mais conhecidos são:
DOBRADO | AUTOR |
Dois Corações | Pedro Salgado |
Canção do Marinheiro | Letra de Benedito Xavier de Macedo e música do 1o. Sargento do Exército Antonino Manoel do Espírito Santo. |
Canção do Exército | Teófilo de Magalhães |
Batista de Melo | De autoria de Manuel Alves Leite (composto entre 1890 e 1896, para homenagear personalidade de Minas Gerais). |
Americano | John Philipp Sousa (Stars and Stripes Forever, para homenagear a Bandeira Americana, que recebeu o nome “Americano” no Brasil). |
Barão do Rio Branco | Francisco Braga (Composto em 1904 pelo mesmo compositor, regente e maestro brasileiro que escreveu a música do Hino à Bandeira do Brasil). |
O Guarani | Adereço-fragmento da Protofonia “O Guarani”, de Antônio Carlos Gomes. |
Saudade de Minha Terra | Luiz Evaristo Bastos (O autor escreveu para homenagear São Gabriel, sua cidade natal. Possui versão com letra). |
1 comentário
Aprendi a apreciar todos eles. Marcaram minha trajetória profissional. Me lembro da execução do dobrado – Americano – pela Banda do 3BPM – Diamantina-MG. Ficava admirado com a performance do, então, Cb Júlio com seu flautim, q denominavam “Requinta”, se não me engano. Era muito bom de ouvir. Depois, como militar da ativa, tinha minha preferência, dentre tantos outros, e quando comandava o hasteamento e o arriamento da Bandeira Nacional na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, pedia ao maestro da Banda da Guarda Governamental, então STen Linhares, para executar ” Semper Fideles” durante o deslocamento da tropa. Bons tempos. As pessoas paravam p assistir a cerimônia, tiravam o chapéu da cabeça em respeito e faziam silêncio ao toque do Hino Nacional. Tenho saudade daquele tempo.