As redes sociais, que aumentaram tremendamente a comunicação em todo o mundo, possibilitaram o surgimento da figura do “influencer” ou influenciadores digitais.
A palavra “influencer” vem do inglês “influence”, que significa “influência, prestígio, influenciar, influir, persuadir ou manipular”.
Ser uma celebridade facilita a conquista de seguidores. O jogador Neymar Jr. tem mais de 300 milhões de seguidores.
Pessoas comuns se tornam influencer por meio da criação de conteúdo interessante que motive seguidores a acompanhar suas opiniões, seus vídeos e seu comportamento. Assim, há influencers de beleza, de moda, de alimentação, de videogames, de exercícios físicos, de política e de estilo de vida.
O conteúdo oferecido deve ser atraente e engajador. Para isso, o influencer utiliza recursos visuais atraentes e estratégias de marketing, que acabam por influenciar pessoas, formar opiniões e ter seguidores e defensores fiéis.
Até aí nada demais. Que cada tenha o ídolo que desejar, que siga a opinião de quem quiser seguir e que se deixe influenciar pelo escolhido.
Mas as escolhas de influencers não têm se primado pela competência nem pelo conteúdo útil e proveitoso que eles possam oferecer.
No dia 11 de setembro, a polícia prendeu Sebastião Alexandre Pereira, 56 anos, condenado em 2019 à pena de 18 anos de prisão pelo crime de estelionato. No momento da prisão, Sebastião Pereira portava mais de 50 carteiras de identidade e passaportes falsos. Ele cativou seguidores publicando imagens de viagens de luxo, cenários exóticos e mensagens de autoajuda. Pereira tem quase 1 milhão de seguidores nas redes sociais.
A advogada Deolane Bezerra tornou-se famosa depois que participou do programa A Fazenda, reality show exibido pela Rede Record, e depois da morte do marido MC Kevin, que caiu do quinto andar de um hotel no Rio de Janeiro em 2021. Deolane tornou-se influencer nas redes sociais.
Ela foi presa neste mês de setembro em operação, contra a lavagem e dinheiro e jogos ilegais realizada pela Polícia Civil de Pernambuco, que tinha outros 19 mandados de prisão.
O filho de Deolane, Kayky, de 18 anos, é citado na investigação por haver movimentado mais de 1 milhão de reais entre dezembro de 2022 e maio de 2023, mesmo tendo renda declarada de R$ 2 mil.
As investigações apontam que o dinheiro seria proveniente de atividades não declaradas com possível envolvimento em crimes.
Por ocasião de sua prisão, um grupo de pessoas aglomerou-se em frente ao presídio manifestando-se em apoio à influencer. A Justiça de Pernambuco afirmou que familiares de Deolane pagaram as pessoas para se aglomerarem e fazerem a manifestação, o que motivou sua transferência para a Colônia Penal Feminina de Buíque, situada no agreste de Pernambuco, a 300 quilômetros de Recife.
Deolane tem mais de 14,5 milhões de seguidores nas redes sociais.
Os dois casos citados mostram o nível de influencers. Que credibilidade Deolane e Pereira passam? Que eles têm de bom, de útil e de proveitoso a oferecer, a ponto de terem seguidores que ultrapassam a casa de milhões de seguidores? Serão eles bons exemplos para seus filhos?
Pode-se argumentar inocentemente que as postagens deles não refletem a vida que levam. Pode ser. Mas você se vangloria de seguir tais pessoas? Você sentiria orgulho de confessar publicamente que é admiradora e seguidora de criminosos?
De fato, as redes deram voz a imbecis. Mas ninguém é obrigado a ouvi-los. Cabe a cada um decidir quem seguir, o que quer ouvir e o que deseja aprender.