“Golpes do amor” se originam em sites de relacionamentos, como o Tinder.
Shimon Hayut, mais conhecido como Simon Leviev, foi motivo de documentário da Netflix, que mostra o seu modus operandi. Ele ganhou fama mundial como o “golpista do Tinder”. Golpes no Tinder são conhecidos como “golpes do amor”.
Acusado de aplicar golpes em mulheres que conhecia no aplicativo de namoro “Tinder”, Hayut se passava por grande empresário do ramo de diamantes. Após meses de relacionamento, durante os quais ostentava riqueza e conquistava a confiança das mulheres, ele pedia dinheiro emprestado às mulheres alegando que precisava fazer grande compra de diamantes ou que seu dinheiro tinha sido bloqueado por inimigos. Esperto, alegava que não podia usar o cartão de crédito para não denunciar o seu paradeiro aos inimigos.
Assim que conseguia o dinheiro, Hayut sumia da vida delas. Difícil imaginar o trauma e a desilusão que ele causava nas mulheres ao desaparecer.
A holandesa Ayleen Charlote, 36 anos, foi vítima de Hayut. Ela esteve em São Paulo como porta-voz da BioCatch, empresa de tecnologia bancária, criada especificamente para detectar e identificar fraudes digitais, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica e identificar agentes fraudulentos tradicionais e iniciantes, que têm como alvo clientes de bancos e organizações de serviços financeiros do mundo.
Ela concedeu entrevista à Folha de São Paulo, na qual corajosamente contou sua história na esperança de que sirva de exemplo para outras mulheres. Na entrevista, ela declarou que “depois que descobri que fui vítima de fraude, não senti nenhuma vergonha de compartilhar minha história com meus amigos e minha família, que disseram que iriam me apoiar”. Ela disse que o apoio de familiares e amigos foi fundamental para sua recuperação econômica.
Ela era gerente de uma loja de varejo de uma marca de luxo. Tinha muito bom padrão de vida: casa própria, carro, dinheiro no banco e conseguia viajar de férias três a quatro vezes por ano. Em menos de dois anos, perdeu tudo e ainda tinha dívidas de mais de 180 mil euros (mais de R$1,1 milhão) nos bancos. A fraude lhe custou caro financeiramente, além do trauma emocional que a desgastou.
Seus pais lhe emprestaram dinheiro sem juros para que ela saísse do cheque especial e aconselharam-na a não vender seus bens. Ela afirmou que foi possível manter os bens porque manteve o foco na economia que precisava fazer e no controle dos gastos.
Os amigos planilharam as finanças dela e ajudaram-na a economizar ao máximo. Um exemplo simples de apoio foi que amigos não a convidavam para jantar fora; convidavam-na para jantar na casa deles. Pequenos atos de economia, que podem parecer insignificantes, representam boa economia no geral.
Ayleen adotou economia de guerra. Cancelou a assinatura de todos os serviços que não eram necessários. Passou a anotar todos os gastos e a acompanhar a evolução dos juros.
Depois de um ano e meio de terapia de trauma, ela voltou ao mercado de trabalho. Há seis anos, ela paga 850 euros por mês aos bancos e ainda faltam 10 mil euros para quitar a dívida.
Ela concordou em ser porta-voz da BioCatch porque considera importante que a sociedade, em particular as mulheres, se conscientizem do terrível mal que as fraudes causam às pessoas e para que elas tenham informações de como os fraudadores atuam e como se protegerem.
Sozinha, ela não teria saído das dívidas que contraiu por conta das fraudes.
Simon Leviev responde em liberdade os processos dos golpes que aplicou em mulheres de diversos países.