Palavras e expressões populares costumam ter origem bastante curiosa, que precisa ser verificada ao longo da História e/ou do folclore regional.
ORIGEM DA EXPRESSÃO “VOTO DE MINERVA”
Voto de Minerva é o voto que decide uma votação empatada; ocorre quando há empate numa votação e se faz necessário um voto extra para decidir a questão. O voto extra, que desempata a questão e decide a favor de um dos lados, é chamado “voto de minerva”.
A explicação da origem da expressão remonta à Mitologia Grega e chegou até nós pela Oresteia, trilogia de tragédias escrita por Ésquilo, considerado o pai da tragédia. Oresteia conta a história de Orestes, cheia de tragédias, que aconteceu no Século VII a. C., logo depois da Guerra de Troia.
Orestes era filho do rei Agamêmnon, de Micenas, e da rainha Clitemnestra, e tinha uma irmã mais velha, Ifigênia. A tragédia começa quando Agamêmnon sacrificou sua filha Ifigênia aos deuses para vencer os troianos na Guerra de Troia.
A rainha Clitemnestra, tomada de fúria pela morte da filha e incentivada pelo seu amante Egisto, matou o marido Agamêmnon quando ele voltou da Guerra de Troia.
Orestes vingou a morte do pai Agamêmnon matando a própria mãe e seu amante Egisto.
Quem cometesse crime contra os próprios parentes era punido com a morte pelas Erínias, personificações da vingança que julgavam os mortais. As Erínias eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Infindável) e, para elas, o matricídio (assassinato da própria mãe) era o mais grave e imperdoável de todos os crimes. Lembrar que Orestes matou a própria mãe, Clitemnestra, para vingar a morte do pai.
Sabendo do castigo (pena de morte) que o esperava, Orestes apelou para o deus Apolo e Apolo decidiu advogar em favor de Orestes e decidiu levar o julgamento para o Areópago.
O Areópago, tribunal de justiça célebre pela honestidade e retidão no juízo, funcionava a céu aberto no outeiro de Marte e desempenhava papel importante em política e assuntos religiosos. Seria como o STF atual, só que o Areópago funcionava com honestidade, julgava de acordo com as leis e com retidão no juízo. O STF atual não segue o exemplo do Areópago.
As acudadoras de Orestes foram as três Erínias [Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Infindável)]. Atena, deusa da sabedoria, das artes e da inteligência, presidiu o julgamento.
O júri foi formado por 12 (doze) cidadãos atenienses, e a votação sobre o destino de Orestes terminou empatada: 6 votos para condená-lo e 6 para absolvê-lo. Houve necessidade do voto de desempate, o voto decisivo que decidiria o destino de Orestes, que foi proferido por Atena, presidente do julgamento. Atena declarou Orestes inocente.
Se o voto de desempate foi dado por Atena, por que a expressão “voto de Minerva”? Porque a deusa da sabedoria na Mitologia Grega era Atena e, na Mitologia Romana, era Minerva.
O voto de Minerva passou a corresponder ao voto decisivo, ao voto de desempate, à escolha sábia.
1 comentário
Bela aula de cultura grega: filosofia, mitologia e lógica… Parabéns.