As celebrações do Dia da Independência merecem comemoração especial este ano; cabe fazer ligeira comparação de 7 de Setembro de 1922 com o 7 de Setembro de 2024.
7 DE SETEMBRO DE 1822
Sabido que Dom Pedro I deu o grito de independência para libertar o Brasil dos grilhões que o prendiam a Portugal e que o tornavam colônia administrada e explorada pela Coroa portuguesa.
Dom Pedro I considerou que o Brasil era maduro e apto para se administrar a si mesmo e para gerir os destinos de seu povo.
Esta é a face da liberdade buscada com a independência: ser dono do próprio destino, estabelecer as próprias leis sem estar vinculado nem subordinado a Portugal.
O ideal de liberdade e o desejo de governar-se a si próprio nascem com o indivíduo. Todos nascem iguais e todos recebem de Deus os direitos inalienáveis da vida, da liberdade e da procura da felicidade. Em 1822, os brasileiros tinham esses sonhos e lutaram por eles. Anos antes, Tiradentes havia dado a sua vida pela independência e pela liberdade do Brasil.
Não seria Portugal que ditaria como o Brasil deveria agir, como explorar seus recursos e como buscar a felicidade de seu povo.
Os sistemas ditatoriais e opressores se baseiam na crença de que o indivíduo é tão fraco e inepto que é incapaz de se governar a si mesmo e precisa de um ser iluminado para dizer o que o povo precisa para se desenvolver. O ser iluminado, que julga tudo saber, outorga poderes a si mesmo para definir a vida da população. O ser iluminado pensa saber o que é bom e o que é mau, o que é verdade e o que é mentira, o que convém e o que não convém para a população e para todos os indivíduos.
7 DE SETEMBRO DE 2024
Em 2024, repete-se a tentativa de dominar a população e de restringir sua liberdade sob o pretexto de impor a ela o que pode e o que não pode ser divulgado; o que é verdade e o que é fake news; o que é bom para a convivência de todos e o que pode atrapalhar essa convivência.
O Brasil está a necessitar de novo grito de independência e de liberdade.
A liberdade e a democracia existem quando a lei é mais poderosa que aqueles que a querem violentar; as leis, resultantes do consenso entre os representantes do povo, estabelecem os limites da maneira como a população viverá no país.
A tirania existe quando as pessoas que violentam as leis são mais fortes que as próprias leis e pretendem estabelecer a sua vontade sobre elas. Passa a valer a vontade do mais forte ou do mais poderoso.
O direito à vida e à liberdade é o valor supremo do indivíduo e deveria ser o objetivo de governantes e autoridades. Os governantes são servidores do povo e não seus donos. Quando alguém se acha o dono da vida e da liberdade das pessoas e quer ditar rumos e procedimentos à revelia das leis, instala-se a tirania.
Não será um tirano qualquer e nem ninguém que ditará o que é melhor para cada um de nós, o que cada um deve ver e o que não deve ver; o que deve ouvir e o que não deve ouvir; o que é verdade e o que é fake news. Os tiranos se julgam seres superiores que tudo sabem e que podem fazer da população o que bem entendem porque são iluminados.
O presidente norte-americano Woodrow Wilson disse que a história da liberdade é a história das limitações ao poder dos governantes e dos tiranos.
O também presidente norte-americano Thomas Jefferson disse que a história mostra que a árvore da liberdade foi regada, de tempos em tempos, com o sangue de tiranos, que é o seu adubo natural. O líbio Muammar Gaddafi, o iraquiano Saddam Hussein, o romeno Nicolae Ceausescu, o italiano Benito Mussolini, o nicaragüense Anastásio Somoza e o iugoslavo Slobodan Milosevic são exemplos de tiranos que tiveram triste fim.
Ainda assim, continuam a aparecer candidatos a tiranos, cuja fome de poder os faz esquecer a história, imaginando que serão diferentes e que se imporão eternamente ao povo. Talvez tenham estudado a história, mas não aprenderam suas lições.
A luta pela liberdade pode custar muito, mas esse custo será sempre menor que a sua perda.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do PortaliMulher.