Por Simone Hillbrecht
Encontrei uma lista com os 40 livros escritos por mulheres, recomendados por ninguém menos que Elena Ferrante, a autora pseudônimo por trás da “Tetralogia Napolitana”, que já vendeu mais de 15 milhões de exemplares em todo o mundo, segundo a Revista Veja.
A lista de indicações foi publicada originalmente na Bookshop.org, loja online do Reino Unido que repassa parte do valor das vendas para as editoras independentes cadastradas no site.
A seleção, segundo Ferrante, gira em torno de “histórias de mulheres com dois pés, e às vezes um, no século XX”, reunindo autoras consagradas e vozes menos conhecidas de diversas partes do mundo.
Abaixo, compartilho algumas escolhas pessoais entre os 40 livros selecionados por Elena Ferrante:
Os títulos indicados que já li e também recomendo:
1 – A paixão segundo GH, de Clarice Lispector. “Neste romance, a protagonista, identificada apenas pelas iniciais G.H., enfrenta uma experiência transformadora ao matar uma barata em um quarto vazio. A partir desse evento, ela passa por uma profunda reflexão existencial e filosófica, explorando temas como identidade, linguagem e a condição humana. A obra é conhecida por seu estilo introspectivo e fluxo de consciência.”
2 – Léxico familiar, de Natalia Ginzburg. “Neste livro, lugares, fatos e pessoas são reais. Não inventei nada”, escreve Natalia Ginzburg sobre sua obra mais célebre, Léxico familiar, de 1963. Nos anos 1930, como consequência da criação de leis raciais na Europa, inúmeras famílias foram obrigadas a deixar seu lar, tornando-se apátridas ou sendo literalmente destroçadas pela guerra que se seguiu. É nesse cenário que se inscrevem as memórias de Ginzburg. Nelas, o vocabulário afetivo de um clã de judeus antifascistas se contrapõe a um mundo sombrio, atravessado pelo autoritarismo. Trata-se de uma história de resistência, narrada em tom menor, e, sobretudo, da gênese de uma das escritoras mais poderosas do nosso tempo.”
3 – Acabadora, de Michela Murgi. “Acabadora narra a história de Maria Listru, uma menina que, num vilarejo na Sardenha, Itália, nos anos 1950, precisa aprender a crescer em meio a segredos e à constante presença da morte. Nascida em uma família sem condições de sustentá-la, aos seis anos de idade é adotada por Bonaria Urrai, uma mulher mais velha, solitária e de poucas palavras, mas muito respeitada no vilarejo em que vive. Desde cedo, a jovem aprende o ofício de costureira com a tia Bonaria, que, no entanto, esconde outra vocação, proibida e controversa. Ela é uma acabadora, aquela que faz o sofrimento cessar, acolhendo pela última vez as pessoas e ajudando-as a abandonar a vida. Para os habitantes de Soreni, é ela quem visita as pessoas que estão no fim da vida e ajuda o destino a se cumprir. Maria e Bonaria vivem como mãe e filha, apesar de o povoado estranhar que a reservada senhora tenha decidido adotar a caçula dos Listru. Bonaria não só ensina à menina seu ofício de costureira; ela também a prepara para as batalhas que a aguardam, transmitindo a humildade de acolher tanto a vida como a morte. Ao crescer, Maria será marcada por dois fatos. Primeiro, pelo amor, ao conhecer o jovem Andría Bastíu. Em seguida, pela descoberta da segunda atividade que tia Bonaria exerce.”
4 – O amante, de Marguerite Duras. “Este romance autobiográfico acompanha a tumultuada história de amor entre uma jovem francesa e um rico comerciante chinês na Indochina pré-guerra. Com uma prosa intimista e certeira, Duras evoca a vida nas margens de Saigon nos últimos dias do império colonial da França e relembra não só sua experiência, mas também os relacionamentos que separaram sua família e que, prematuramente, gravaram em seu rosto as marcas implacáveis da maturidade.”
5 – Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie. “Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.”
6 – O Assassino Cego, de Margaret Atwood. “A irmã mais velha de Laura Chase, Iris, casou-se aos dezoito anos com um industrial politicamente influente. Agora, aos oitenta e dois anos de idade, morando em Port Ticonderoga, uma cidade dominada por sua outrora próspera família, tem de enfrentar problemas de pobreza e saúde. Enquanto aprende a lidar com um corpo não confiável, Iris reflete sobre sua vida, pouco exemplar e, em especial, sobre os eventos relacionados à morte trágica da irmã.”
7 – Os Anos, de Annie Ernaux. “Os Anos é uma autobiografia coletiva que descreve a vida de Ernaux e da sociedade francesa desde a Segunda Guerra Mundial até o início dos anos 2000. A autora utiliza uma narrativa impessoal para capturar as mudanças culturais, políticas e sociais da França, oferecendo uma reflexão sobre memória e identidade coletiva.”
8 – O Ano do Pensamento Mágico, de Joan Didion. “De uma das escritoras mais icônicas dos EUA, o retrato de um casamento e de uma vida, sem uma gota de autopiedade e escrito em um estilo envolvente. Neste livro, Joan Didion narra o período de um ano que se seguiu à morte de seu marido, o também escritor John Gregory Dunne, e a doença de sua única filha. Feito com uma dose de sinceridade e paixão, O ano do pensamento mágico nos revela uma experiência pessoal e, ao mesmo tempo, universal. É um livro sobre a superação e sobre a nossa necessidade de atravessar – racionalmente ou não – momentos em que tudo o que conhecíamos e amávamos deixa de existir.”
Os indicados por Ferrante que ainda não li, mas pretendo:
- A Porta, de Magda Szabò
- Amada, de Toni Morrison
- O Quinto Filho, de Doris Lessing
- Evening Descends Upon the Hills: Stories from Naples, por Anna Maria Ortese
- Memórias de Adriano, por Marguerite Yourcenar
- Disoriental, de Négar Djavadi
- Gilead (Marilynne Robinson)
Os preferidos de Ferrante que (ainda) não pretendo ler:
- Pessoas normais, de Sally Rooney
- Blonde, de Joyce Carol Oates
- Peitos e ovos, de Mieko Kawakami
- The love object: selected stories, de Edna O’Brien
- Destinos e Fúrias – Lauren Groff
O restante da lista de Elena Ferrante:
1 – The Enlightenment of the Greengage Tree – Shokoofeh Azar
2 – Malina – Ingeborg Bachmann
3 – A Manual for Cleaning Women – Lucia Berlin
4 – Outline – Rachel Cusk
5 – A Girl Returned – Donatella Di Pietrantonio
6 – Motherhood – Sheila Heti
7 – The Piano Teacher – Elfriede Jelinek
8 – Interpreter of Maladies – Jhumpa Lahiri
9 – Arturo’s Island – Elsa Morante
10 – Dear Life – Alice Munro
11 – O sino – Iris Murdoch
12 – Le Bal – Irène Némirovsky
13 – A Good Man Is Hard to Find – Flannery O’Connor
14 – Dentes Brancos – Zadie Smith
15 – Olive Kitteridge – Elizabeth Strout
16 – Cassandra – Christa Wolf
17 – A Little Life – Hanya Yanagihara
18 – The God of Small Things – Arundhati Roy
Vários nomes importantes da literatura feminina contemporânea podem estar ausentes desta lista divulgada há mais de cinco anos. Todos os títulos continuam atuais e imprescindíveis, capazes de envolver as leitoras mais exigentes.
E você? Já leu algum desses títulos? Compartilhe comigo nos comentários.
1 comentário
Excelente trazer essas indicações da Elena Ferrante, tão aclamada por seus leitores. Temos que dar um jeito dela ler outras brasileiras maravilhosas. Mas as indicações são de peso! Excelente lista para servir de meta!