Historiadores não têm certeza sobre como surgiu oficialmente o Dia da Mentira. A teoria mais aceita é a de que o Dia da Mentira surgiu na Idade Média com a mudança do calendário juliano para o calendário gregoriano.
Até o ano 1580, o mundo ocidental adotava o calendário juliano, organizado pelo sábio Sosígenes de Alexandria, no ano 46 a. C. O nome “juliano” foi atribuído em homenagem ao imperador romano Júlio César.
O calendário juliano tinha um problema, pois considerava que o ano tinha exatos 365 dias e 6 horas de duração. Na realidade, a terra gira em torno do Sol em 365 dias, 5 horas e 49 minutos. Havia, portanto, a defasagem de 11 minutos entre o calendário e a posição da Terra em torno do Sol.
Ora, 11 minutos por ano em 13 séculos equivalem a dez dias. O calendário oficial estava 10 dias atrasado em relação à real posição da Terra em torno do Sol. Isso fez com que o equinócio de verão caísse em 11 de março e não no dia 21 de março, como deveria ser e como os astrônomos da época comprovaram.
Seguindo os estudos dos astrônomos da época, o Papa Gregório XIII baixou uma ordem no sentido de que o calendário fosse adiantado 10 dias. O dia seguinte a 4 de outubro de 1582 seria 15 de outubro e não 5 de outubro. As pessoas da época ficaram 10 dias mais velhas sem que tivessem vivido os dias.
Essa mudança provocou o alinhamento do calendário com a posição da Terra ao redor do Sol, e o calendário gregoriano passou a ser adotado quase que mundialmente.
O calendário gregoriano fez outra mudança: estabeleceu o dia 1º de janeiro como o primeiro dia do ano. Pelo calendário juliano, o primeiro dia do ano era 1º de abril.
Parte da população francesa não aceitou a mudança do calendário e continuou a comemorar a mudança de ano na semana de 25 de março a 1º de abril. A maioria da população, que adotou a mudança do calendário, passou a enviar para os resistentes à mudança presentes de mentira (esterco, lixo, caixas vazias) e a convidá-los para festas e comemorações inexistentes em 1º de abril.
A brincadeira pegou, espalhou-se pelo mundo (os ingleses comemoram o April Folls’ Day, Dia dos Bobos de Abril) e 1º de abril passou a ser comemorado como o Dia da Mentira.
No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais. Em 1º de abril de 1828, o periódico A Mentira, lançado naquele dia, noticiou o falecimento do imperador D. Pedro I. A notícia foi desmentida no dia seguinte.
Empresas aproveitam o Dia da mentira para fazer marketing.
Em 1º de abril de 1957, o canal inglês de televisão apresentou reportagem falsa sobre suíços que estavam plantando árvores de espaguete. Algumas pessoas demonstraram interesse em plantar espaguete em suas fazendas.
Em 1º de abril de 1962, a TV sueca Sveriges Television informou ao público que os telespectadores poderiam converter a TV preto-e-branco em TV colorida se passassem meia de náilon sobre a tela do aparelho. Muitos suecos lembram-se de pais e avôs correndo pela casa à procura de meia de nylon. Como informação, a TV colorida chegou à Suécia em 1970.
1º de abril de 1998, o Burger King publicou um anúncio de página inteira no jornal americano USA Today anunciando um “sanduíche projetado para canhotos”. De acordo com o anúncio, o novo sanduíche tinha os mesmos ingredientes do original, com a diferença de que os condimentos foram girados em 180 graus para facilitar o manuseio e a degustação dos canhotos. No dia seguinte, o Burger King comunicou que o sanduíche para canhotos tinha sido brincadeira, mas muitos clientes foram ao fast food e pediram sanduíche para canhotos e alguns pediram o sanduíche para destros.
Desde que não causem prejuízos e nem sejam maldosas, brincadeiras e mentiras nesse dia especial divertem.
1 comentário
Excelente! Enriquece-nos sobremaneira as informações sobre a origem das coisas!!! Mas, uma postagem no dia 1o. de abril, é verdade ou mentira? Kkkk parabéns pelo texto!