A dor emocional é uma experiência universal e inevitável. Contudo, muitas vezes, em vez de acolhê-la, fazemos o oposto: nos criticamos, nos julgamos e nos abandonamos. Repetimos padrões de rejeição e falta de cuidado que vivemos na infância, perpetuando feridas profundas da nossa criança interior. Mas e se pudéssemos transformar essa dor em amor?
A dor como um chamado à cura
Desde a visão da Psiquiatria Integrativa, vejo a dor emocional como um convite à transformação. Nossas feridas internas frequentemente surgem das necessidades emocionais não atendidas na infância: o desejo de acolhimento, compreensão e validação. Quando essas necessidades não são supridas, carregamos essa carência para a vida adulta. Inconscientemente, continuamos buscando externamente o que faltou lá atrás.
Nosso diálogo interno se torna crítico e implacável. Não temos paciência para nós mesmas e evitamos nossa dor através de distrações como redes sociais, álcool, compras, sexo, trabalho em excesso ou estar constantemente “fazendo” algo ou buscando em outros vínculos incessantemente aquilo que falou. Existe dificuldade em silenciar, pausar e enfrentar o que está dentro de nós.
Acolhendo a dor com AMOR
A verdadeira transformação começa quando paramos de resistir e nos permitimos sentir. Sentir profundamente, sem julgar, sem fugir. Isso exige coragem para olhar para dentro e acolher a nossa criança ferida. Ela só quer ser ouvida, abraçada e aceita como é.
Dar-se esse cuidado é um ato de amor próprio. É aprender a validar suas emoções e dizer a si mesma: “Está tudo bem sentir isso.” A dor não desaparece porque a evitamos, pelo contrário, as resistências aumentam e ela ganha força, mas se transforma quando a iluminamos com nossa presença amorosa.
O caminho da transformação
Transformar a dor em amor é um processo contínuo. Envolve:
- Autocompaixão: seja gentil consigo mesma quando a dor surgir. Reconheça suas emoções sem julgá-las. Valide elas.
- Presença: reserve momentos para pausar e silenciar. Dê-se tempo para sentir sem pressa de “consertar” nada.
- Acolhimento: visualize abraçar sua criança interior. Diga-lhe o que ela sempre precisou ouvir.
- Autocuidado: cuide do seu corpo, mente e alma com práticas que nutram seu ser.
Quando aceitamos a dor como parte do nosso processo humano, abrimos espaço para a cura. E nesse espaço, surge algo poderoso: o amor genuíno por nós mesmas.
Lembre-se: o caminho não é escapar, mas sim atravessar. E ao atravessar, descobrimos que dentro da dor habita a semente do amor — esperando para florescer.
Afinal de contas, se trata de fazer consigo mesma aquilo que você tanto precisou dos seus progenitores ou pais. Seja mais gentil, ninguém fará isso por você mesma, minha linda.