Dando continuidade à série iniciada ontem, temos hoje outros santos consagrados pela devoção popular.
CESINHA
Júlio César Rodrigues nasceu em São Paulo, em abril de 1903 e faleceu em janeiro de 1908, antes de completar cinco anos de idade. Há dúvidas sobre a causa de sua morte: se meningite ou se sufocamento em razão de haver se engasgado com a chupeta.
A morte do menino causou grande comoção na comunidade onde vivia. A comoção social é motivo bem forte para fazer com que o falecido seja lembrado com frequência e as pessoas lhes façam pedidos, ainda mais quando se trata de pessoas bondosas ou inocentes como uma criança.
Os pedidos mais comuns feitos a Cesinha se relacionam com a saúde. Contudo, seu túmulo tem placas de agradecimento por graças alcançadas em outras áreas.

Os devotos depositam balas, chocolate, chupetas, brinquedos e pirulitos em seu túmulo, como que para homenagear a criança, agradá-la ou agradecer-lhe.
Uma senhora, de identidade desconhecida, visita o túmulo de Cesinha toda segunda-feira. Ela fica por um tempo, faz orações, cuida do túmulo e vai embora anonimamente.
BENTO DO PORTÃO
Em razão da crença popular que Bento intercede por aqueles que recorrem a ele, a invocação de Bento do Portão ultrapassa o fato de a Igreja Católica não o reconhecer como santo.
Antônio Bento nasceu na Bahia, mudou-se para São Paulo e viveu nas ruas do bairro Santo Amaro como mendigo. Prestava pequenos serviços, como carregar lenha e carregar água, em troca de comida.
Ele agradecia às pessoas o prato de comida fazendo uma prece por elas. Recebeu o apelido de “Bento do Portão” porque comia a refeição, que as pessoas lhe ofereciam, escorado nos portões das casas ou até mesmo no portão do cemitério.

Bento era muito querido pelos moradores do bairro Santo Amaro por sua humildade e bondade e pela dedicação com que realizava os trabalhos que lhe eram solicitados.
Antônio Bento morreu em 1917, aos 42 anos de idade, bem próximo à entrada do Cemitério de Santo Amaro. Os moradores do bairro se uniram para sepultá-lo no próprio cemitério.
A fama como fazedor de milagres espalhou-se em 1922, cinco anos após sua morte, quando uma senhora, cujo médico lhe havia diagnosticado que seria necessário amputar-lhe uma das penas, fez o pedido de cura a Bento do Portão e o fato é que ela curou-se.

O túmulo de Bento do Portão virou local de peregrinação e tem placas de pessoas agradecendo a ele as graças recebidas.
ANTONINHO
Desde pequeno, Antônio da Rocha Marmo (São Paulo, 1918 – 1930) brincava de fazer altares e “celebrar” missas. As pessoas atribuíam a ele dom de prever acontecimentos e dizem que ele chegou a prever o dia e o mês da própria morte, 21 de dezembro, aniversário de um sacerdote que admirava, o que de fato ocorreu.

Antônio passou a ser conhecido popularmente como “Santo Antoninho” e é considerado “servo de Deus”.
A Igreja Católica já deu início ao processo de canonização de Antoninho e, por essa razão, ele tem o título de “Servo de Deus”. À medida que o processo vai evoluindo, a pessoa passa a ser chamada sucessivamente de “Venerável”, de “Beata”, até ser considerada santa.
Antoninho faleceu de tuberculose em 21 de dezembro de 1930, dia que havia previsto. Foi sepultado no Cemitério da Consolação, e seu túmulo passou a ser visitado por devotos.
Em 2021, seus restos mortais foram transferidos para a Capela de Nossa Senhora da Saúde, no hospital que leva o seu nome, em São José dos Campos.

O hospital foi construído pela mãe de Antoninho e um grupo de voluntários para atender ao pedido de Antoninho para construir um local para atender crianças pobres enfermas.
Antoninho é considerado um santo em razão de interceder por pedidos de cura.
No último artigo da série, o PortalIMulher falará de Domitila de Castro Canto e Melo, cuja história certamente surpreenderá você.