A pandemia de COVID-19 surgiu de repente no mundo; não houve aviso, não havia planos para enfrentá-la, ninguém sabia o que fazer, não havia experiência semelhante na qual basear decisões. Não havia sequer remédios para tratá-la. Todos foram apanhados desprevenidos.
A surpresa fez com que fossem tomadas as medidas que cada governante achasse melhor, sem amparo científico e sem bom senso, com base apenas no medo, na demagogia e na certeza da falta de responsabilização pelos atos. Mães com crianças foram presas na praia. Pessoas foram presas enquanto caminhavam na praça. Lojas, restaurantes, shoppings, cinemas foram fechados. Supermercados foram obrigados a embalar itens em plástico para que eles não fossem comercializados nos fins de semana. O medo tomou conta das pessoas e de governantes, e o medo é mau conselheiro.
A recomendação geral era “fique em casa”. O medo se impôs, e o comércio se retraiu.
Nem todas as empresas tinham reservas suficientes para enfrentar tamanha contração. Em casa, as pessoas, que tinham recursos, passaram a optar pelo comércio eletrônico, o que agravou ainda mais a situação das lojas físicas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 106,6 mil estabelecimentos comerciais (7,4% do total existente) encerraram as atividades no primeiro ano do COVID-19.
Mais de 404 mil postos de trabalho foram perdidos, sendo 90,4% deles no varejo. Foi a maior queda de ocupação no comércio no intervalo de um ano, desde que a pesquisa começou a ser feita em 2007.
O segmento de tecidos, vestuário, calçados e armarinhos sofreu retração de 176 mil postos de trabalho.
Cabe notar que apenas supermercados e lojas de produtos farmacêuticos, cosméticos e artigos médicos, que tiveram autorização para funcionar com menor número de restrições, criaram empregos no período.
Os brasileiros ainda estão em busca da recuperação. Os impactos ainda são sentidos atualmente. Ainda não há recuperação plena da economia. Há alto endividamento de pessoas e empresas.
Quando o Brasil pensou que tinha se livrado da pandemia e de restrições e começou a respirar, eis que surge a guerra na Ucrânia, com repercussões negativas no país, tais como aumento do preço dos combustíveis, de alimentos, falta de insumos e de componentes eletrônicos.
Quanto tempo durará a recuperação plena? Difícil prever. O ajuste se faz gradativamente, à medida que volta a confiança e que o comércio se normalize.
Você, que sobreviveu ao período negro de restrições e de dificuldades e que conseguiu fazer com que seu estabelecimento cruzasse a tormenta, considere-se privilegiado.
Você, que não resistiu à tempestade, em razão de dificuldades que lhe foram impostas, sem nenhum amparo técnico-científico que justificasse as medidas draconianas tomadas, utilize a experiência adquirida, abasteça-se de força e determinação para voltar à luta, porque a vida continua.