O Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, iniciativa voltada para atender as mulheres que se dedicam ao agro no Brasil, está em fase final de preparação. Resultado da parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o observatório será a primeira plataforma destinada a reunir dados de interesse das mulheres que se dedicam ao agro negócio.
Segundo a pesquisadora Cristina Arzabe, coordenadora do projeto, os principais objetivos do projeto são reunir informações relevantes, de modo a permitir às mulheres do agro maior troca de informações e de conhecimento.
O Observatório pretende formar uma rede interna de representantes nas unidades descentralizadas em todo o Brasil.
As mulheres do agro negócio ainda têm pouca visibilidade e o Observatório pretende inseri-las no contexto social, econômico e ambiental brasileiro por meio da integração, da troca de conhecimentos e de experiências, de modo a facilitar e orientar sua conduta diante da criação de cenários e de perspectivas.
O Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, que estará inserido na Rede de Observatórios da Embrapa, se tornará importante recurso para apoiar a tomada de decisão do setor. A iniciativa faz parte dos esforços da Empresa para obter maior participação e visibilidade das mulheres do agronegócio.
Normalmente, as mulheres não estão devidamente representadas nas instituições locais do agronegócio e têm menos poder de decisão. O Observatório reforça a importância de espaço com informações que contribuam para criar e melhorar as a participação e a atuação das mulheres. As informações permitirão consolidar o cenário agropecuário e oferecerão visão mais clara da participação e da organização das mulheres no agro e como elas contribuem para o desenvolvimento sustentável.
O Observatório pretende identificar entidades parceiras e meios de colaboração que permitam realizar capacitações, atualização tecnológica de agentes multiplicadoras e novos estudos que possam beneficiar o grupo de mulheres do agro negócio.
Encontra-se bom exemplo da necessidade de troca de conhecimentos na pessoa da pesquisadora Ana Euler, da Embrapa Amapá, pós-doutoranda na área de patrimonialização de sistemas agrícolas tradicionais no Museu de História Natural da França, que conhece bem a realidade das mulheres rurais da sociobiodiversidade da Amazônia.
Envolvida em projetos de desenvolvimento territorial sustentável de povos e comunidades tradicionais relacionados a açaí, cipó-titica, óleos vegetais e madeira, ela ressalta a importância das mulheres como detentoras do conhecimento tradicional no uso, coleta e técnicas artesanais de processamento para fabricação de azeites usados na alimentação ou fitoterápicos.
Ana Euler tem a pretensão de formar redes de mulheres extratoras de óleos no Amapá. Para a pesquisadora, o compartilhamento de informações entre instituições e unidades é necessário, porque “as parcerias são fundamentais para alcançar os objetivos e a Embrapa tem o papel importante de ajudar a orquestrar iniciativas que contribuam para favorecer as mulheres do agro negócio”.