O Brasil vive hoje estranha situação em relação à produção de energia elétrica.
Incentivos
O governo adotou a política de incentivos à geração de energia limpa. Os consumidores abraçaram a ideia e adquiriram painéis solares e aerogeradores. Em pouco tempo, houve excesso de oferta de energia elétrica.
O excesso de oferta gerou problemas para as empresas hidrelétricas, que tiveram de fazer paralisações compulsórias, porque o sistema de transmissão de energia estava sobrecarregado e havia excesso da oferta.
Números
O Balanço Energético Nacional, que contém dados apurados pela Empresa de Pesquisa energética (EPE), mostra que 23,7% da produção total de energia elétrica no país são gerados pela energia eólica e pela energia solar.
Para verificar o crescimento da energia eólica e solar, basta verificar que, em 2014, dez anos antes, as duas representavam apenas 4% de toda a energia gerada no país.
Lei de mercado
A lei de mercado mais conhecida diz que o preço aumenta quando há escassez de oferta, e que o preço cai quando há aumento da oferta de um produto.
Mas as leis de mercado não se aplicam ao governo brasileiro – glutão, sempre à procura de mais impostos, perdulário e irresponsável.
Existe o risco de o consumidor pagar a mais pela sobra de eletricidade. As geradoras de energia hidráulica – a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e o Operador Nacional do Sistema (ONS) – estão em conflito, sem saber o que fazer com o excesso de energia e nem quem bancará a diminuição da arrecadação.
O desperdício de energia elétrica

O aumento da instalação e painéis solares e de aerogeradores fez aumentar a produção de energia elétrica no país. A ONS tem determinado paradas obrigatórias das usinas a fim de diminuir o desperdício de energia elétrica.
As interrupções da produção fazem as hidrelétricas arrecadarem menos e perderem dinheiro. Alegam que há o risco de falência e demissões em massa.
Como no Brasil, o governo sempre acha maneira de onerar os consumidores, as hidrelétricas querem que o consumidor pague pela energia elétrica, ainda que não a utilize.
Os problemas decorrem da falta de planejamento e de organização do governo. Faltam linhas de transmissão. O baixo crescimento econômico não absorve a quantidade de energia produzida.
O excesso de oferta de energia elétrica, que deveria ser motivo de comemoração pela possibilidade de queda do valor da tarifa e de afastar o risco de apagão, deixa de ser solução e se torna problema para o governo que utiliza empresas estatais para a nomeação e apadrinhados e para obter apoios políticos.
Onde há incompetência e ineficiência, até soluções se tornam problemas.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do Portal iMulher.
