A PMG Lingerie, empresa mineira de confecção de roupas e lingerie, foi criada em 1986. D. Janete, avó da atual diretora administrativa, vendia peças de roupas para as amigas indo de casa em casa. Mas ela notou que as amigas revendiam as peças para terceiros. Percebeu que havia um nicho de mercado que ela poderia explorar e começou a vender roupas em sua própria casa, onde teria espaço para mostrar maior variedade de peças.
O Sr. Antônio, marido da D. Janete, não gostou do grande movimento em seu lar, que lhe tirava o sossego, e alugou uma casa para que sua mulher montasse ali sua loja. Assim surgiu a PMG que, inicialmente, não tinha fabricação própria.
O filho de D. Janete, Pádua, começou a trabalhar com sua mãe e decidiu que a PMG deveria ter sua linha de fabricação. Cursou engenharia mecânica, a fim de aprender a lidar com máquinas e sua manutenção. Não se formou, porque a empresa lhe exigia muito tempo e dedicação. Autodidata, aprendeu moda e combinação de cores e desenvolveu modelagens.
Em 1997, a PMG adquiriu o prédio onde instalou a confecção e a loja e onde está até hoje.
Em 2006, Pádua levou suas filhas Isabela e Daniela, então com 16 e 17 anos de idade respectivamente, para trabalhar na empresa. Ele queria que as filhas conhecessem o funcionamento da PMG, pois desejava que elas o sucedessem no futuro.
Isabela e Daniela não encontraram boa receptividade, porque foram vistas como patricinhas e “filhas do dono”, que iriam tomar o lugar de alguém.
O pai fez as filhas passarem por todos os setores – produção, fiscal, contábil, vendas e marketing -, pois lhes ensinara que “só sabe mandar quem sabe fazer”.
Depois que “estagiou” por todos os setores, Isabela, então com 17 anos, foi trabalhar na linha de produção; na época, ela fazia faculdade de moda. Mas não era o setor de seu interesse e, deslocada e desmotivada, nada produziu. Depois de três meses, seu pai a despediu, alegando que ela era uma funcionária muito cara, que não produzia à altura do que ganhava. Ela recebia salário e não era tratada de maneira especial em razão de ser filha do dono.
Foi um choque para Isabela; ela caiu na real. Percebeu que não teria privilégios, nem na empresa e nem na vida, por ser filha do dono e que não iria usufruir do trabalho e do esforço de seus avós e de seus pais. Ela se convenceu de que somente conquistaria aquilo que plantasse.
Foi a grande guinada em sua vida. Abandonou a faculdade de moda e fez o curso de contabilidade. Depois, fez pós-graduação de marketing estratégico. Encontrou seu caminho como diretora administrativa.
A “filha do dono” impôs-se na empresa do pai por sua competência e conhecimento. Conquistou o respeito pelo trabalho e pela liderança. Expandiu a PMG: abriu lojas físicas; montou loja virtual; desenvolveu sistemas de controle de produção individual, os quais lhe permitem pagar colaboradores pela eficiência; diversificou a produção: além de lingeries, passou a produzir calça, vestido, pijama e body.
Segundo Isabela, o mercado de roupas sofre muitas variáveis e sempre tem de inovar para não perder clientes e para conquistar novos. Portanto, ela tem de ficar atenta ao mercado, às mudanças e às necessidades dos clientes. Para isso, pouco fica em sua sala: gira pelas lojas, ouve clientes e fornecedores, acompanha as tendências e ainda conta com o apoio e o conhecimento de sua irmã Daniela, diretora de produção, com quem faz bela dupla.
Elas partem do princípio de que não basta fazer o básico bem feito. Citou como exemplo a Kodak, que fez o básico bem feito por muito tempo e foi engolida pelas transformações do mundo e pela tecnologia.
Bela história de sucesso que contém belos ensinamentos, que se iniciam na maneira de criar os filhos, passa pelos ensinamentos profissionais a eles transmitidos e alcança até à forma de administração de empresa.


