Em 29 de outubro de 1810, D. João VI inaugurou a Biblioteca Nacional do Brasil e, por essa razão, comemora-se na data o Dia Nacional do Livro.
Qual a maior invenção humana, aquela que teve e tem maior influência na vida das pessoas e na história da humanidade?
As opiniões podem divergir num primeiro momento. Ao se falar em grandes invenções, comum lembrar-se de invenções espetaculares. A bomba atômica. Foguetes que vão à Lua, a Marte e levam sondas para observar outros planetas. A Estação Espacial Internacional, que orbita a Terra a 340 quilômetros de altura como grande laboratório espacial.
O computador. O celular, Telescópios espaciais que desvendam mistérios dos confins do Universo.
Há invenções mais simples que facilitaram a vida de todos nós, como o elevador, que permitiu o crescimento vertical das cidades.
A resposta pode gerar controvérsias e debates, cada opinião com seus argumentos. A maior invenção que mais exerce influência na vida de todos nós pode nem ser lembrada num primeiro momento. Contudo, ao ser lembrada certamente levará todos a concordarem que é uma das maiores, se não a maior.
A imprensa, invenção do alemão Guttemberg, é a maior invenção humana, pois é a imprensa que reproduz livros para difundir em massa o conhecimento por toda a Terra. As demais invenções decorrem dos livros e dos conhecimentos transmitidos pelos livros.
No Sermão de Nossa Senhora de Penha de França, o Padre Antônio Vieira enaltece o livro, dizendo que “o fim para que os homens inventaram os livros foi para conservar a memória das coisas passadas contra a tirania do tempo e contra o esquecimento dos homens, que ainda é maior tirania. Por isso, Gilberto chamou aos livros ‘reparadores da memória’, e São Máximo, ‘medicina do esquecimento’”.

Os livros conservam e transmitem histórias, conhecimentos e as coisas passadas.
Na vida material, em que o tempo tem o poder de tudo mudar, de tudo sujeitar e tudo acabar, os livros são o remédio contra o tempo, o esquecimento e o fim das coisas. Não conheceríamos Machado de Assis, nem Castro Alves, nem Cervantes, nem o próprio Padre Vieira não fossem os livros que nos trazem seus romances, sua poesia e seus escritos.
Conheceríamos Cristo, com a profundidade que conhecemos, sem os Evangelhos? Possivelmente não.
Padre Vieira diz mais ainda sobre os livros: “O livro, visto por fora, não mostra nada; por dentro, está cheio de mistérios”. Mistérios e também conhecimento, poesias, romances, arte e entretenimento.
Ele fala da universalidade do livro e da difusão universal do conhecimento pelo livro: “Se se imprimirem muitos volumes, tanto em um como em todos, o livro estará ao mesmo tempo em Roma, na Índia e em Lisboa e é o mesmo”.
Segundo o Padre Vieira, evidentemente nem todos terão a mesma percepção ou tirarão o mesmo proveito dos livros: “Sendo o mesmo para todos, uns percebem dele muito, outros pouco, outros nada, cada um conforme sua capacidade”. Os livros estão aí, nas escolas, nas bibliotecas, à venda nas livrarias ou por e-books. Basta que procuremos por eles para desvendarmos seus mistérios e encontrarmos o que procuramos, porque, como bem disse o Padre Vieira:
“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive e, não tendo ação em si mesmo, move os ânimos e causa grande efeito”.