Esta é uma crônica de amor.
Não existe Dia da Babá. Talvez porque nem todos tenham tido babás em sua vida. Ou porque tiveram babás profissionais a cuidar de crianças.
Eu tive a felicidade de ter babá, mas é injusto falar que tive “babá”, porque eu tive uma mãe na pessoa da babá, que me amou tanto quanto mães amam seus filhos. Ela apenas não me gerou, mas me amou sem me ter gerado, o que torna seu amor mais rico e mais intenso.
Ela me fez sentir-me amado, e o seu amor desinteressado e gratuito deram-me suporte emocional na vida.
O nome dela era Maria Rosa de Souza. Baixinha, não mais que 1 metro e meio, ficou conhecida como Mariinha.
Mariinha começou a trabalhar na casa de minha tia-avó, na qual minha mãe viúva desde cedo criou os três filhos, antes de eu nascer. Natural que eu me tornasse o filho que ela nunca teve. Filho de amor; não filho de carne ou de sangue.
Eu me lembro nitidamente de, um dia, criança com 6 ou 7 anos, haver perguntado a ela sobre seus parentes: pais, irmãos, irmãs, primos. Ela me respondeu que não tinha ninguém no mundo e que todos haviam morrido. Lembro que chorei naquele momento. Bem mais tarde compreendi que ela não esteve sozinha porque teve a mim a quem amar e quem a amou.
Eu a tive como mãe.
Ao falar de amor e gratidão, ao orar, meus pensamentos e minhas preces dirigem-se às pessoas amadas, dentre as quais está Mariinha.
Quando morei no Rio de Janeiro, ela passou uns dias comigo. Levei-a a passear na barca Rio-Niterói. Lembro-me de sua alegria infantil, de sua expressão de satisfação na andar de barco pela primeira vez na vida. Sentada no banco, ela balançava as perninhas de satisfação. Como disse, ela era baixinha e, sentada, suas pernas não alcançavam o chão.
Admirava o mar, via o barco flutuando, se divertia com as marolas feitas pelo barco, e as perninhas balançando no ar acentuavam-lhe a alegria.
Tenho na memória o momento de alegria que lhe proporcionei, cuja imagem terna ficou gravada em minha mente.
22 de julho é a data de seu aniversário. Não precisaria escrever essas linhas para homenageá-la ou agradecer-lhe, porquanto ela sempre estará em minha lembrança, minha saudade e minha ternura. Difícil transmitir em poucas linhas o amor e a gratidão que trago comigo por Mariinha.
Escrevo para que o amor que me ligou à minha “babá” possa alcançar outras pessoas que tenham sensibilidade para percebê-lo e senti-lo. Amor merece ser espalhado como energia benéfica que contamina o coração de pessoas sensíveis.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do PortalIMulher.
4 Comentários
Simplesmente emocionante. Justa a homenagem ebelo o texto
Cláudio, meu amigo, meus parabéns pelo texto e, mais ainda, por cultivar essa gratidão, esse amor que se dá por inteiro e de verdade.
Um grande abraço,
Robson Cruz
Parabéns, Cláudio!
Texto carregado de amor, gratidão e saudades…emocionante!
Cláudio, além de morar em seu coração e memória, Mariinha ainda está por aqui? Esses anjos que vem em carne e osso…
Não tive babá, mas conheci muitas e sei que a grande maioria amam de verdade seus filhos de coração.
Parabéns pela linda homenagem!