O que torna um filme clássico?
Historiograficamente, o cinema clássico abrange um período que vai do nascimento do cinema, em 1895, até o início do movimento neorrealista italiano, na década de 1940, outros dizem que o principal elemento para defini-lo é a sua relação com o tempo. Obras clássicas são atemporais e conseguem impactar novos públicos de diferentes gerações.
Eu ainda não havia nascido quando foi lançado ‘E o vento levou…’ (1939); ‘2001 – Uma odisseia no espaço’ (1968) também não é da minha época e ainda era criança quando passou O Iluminado (1980), ambos dirigidos pelo monumental Stanley Kubrick. ‘E.T. O extraterrestre’ (1982), de Spielberg, foi um dos primeiros grandes filmes que assisti no cinema.
É difícil olhar para trás, para algumas das coisas que experimentei em primeira mão e abordá-las retroativamente, mas E.T. já fez quarenta e um anos! Ainda que não tenha muita certeza quanto a definição de “clássico”, me atrevo a dizer que E.T., talvez pela memória afetiva que carrego, seja um dos meus clássicos favoritos.
Na lista a seguir, resgatei trinta sucessos do cinema que considero os melhores de todos os tempos. Tenho certeza de que muitos títulos ficaram de fora, mas selecioná-los foi uma tarefa colossal. Filmes imortais, que nunca saem do imaginário de quem os assistiu.
Os clássicos dos clássicos!

- Tempos Modernos (1936)
Tempos modernos foi dirigido e estrelado pelo ator, roteirista e diretor inglês Charles Chaplin. A história é focada na vida urbana nos Estados Unidos após a crise de 1929, decorrente da quebra da Bolsa de Nova Iorque, quando o desemprego atingiu em cheio a sociedade norte americana. Carlitos é um operário de fábrica cuja única função é apertar parafusos, o que se mostra uma atividade alienante e enfadonha. Em certo momento, fica tão nervoso ao tentar lidar com os equipamentos modernos que sofre um colapso nervoso e acaba preso. Entre suas passagens pela prisão, ele se apaixona por uma jovem (Paulette Goddard) que conheceu quando ela fugia da polícia após roubar um pão. O operário e a menina vivem muitas aventuras juntos enquanto fogem e lutam por uma vida melhor. Tempos Modernos foi um dos primeiros filmes a pôr em foco a classe trabalhadora, ainda que numa comédia um tanto futurista, já que várias tecnologias presentes no filme, ainda não existiam. Segundo a crítica da época, o filme apontava a desumanização e a despersonalização do trabalho em massa. Chaplin, por sua vez, não via seu último filme como uma sátira política, mas como mero entretenimento. Pela última vez, o artista levava para as telas o legendário vagabundo e entrou para a história do cinema como seu derradeiro filme mudo. Charles Chaplin recebeu o Oscar especial pelo conjunto da obra em 1971, já com oitenta e três anos.
“Eu acho que passar mensagens é muito problemático. Elas podem ser indignas. Podem até mesmo serem ridículas. Não acredito em mensagens”,
comentou certa vez ao falar de ‘Tempos Modernos’. (

2. E o vento levou… (1939)
“E o vento levou...” é o clássico de dimensões monumentais, grandioso e inspirou muitos dos romances que o sucederam. Baseado na obra de Margareth Mitchel (1936), “E o Vento Levou…” se passa em 1861, à época em que o sul escravagista estava prestes a ingressar na Guerra de Secessão americana. Estrelado por Vivien Leigh como a icônica Scarlett O’Hara, filha de um imigrante irlandês que se tornou um rico fazendeiro do Sul dos Estados Unidos, a corajosa beldade sulista luta para manter sua plantação de algodão e vive um romance com o apaixonado Rhett Butler (Clark Gable), um vívido aventureiro que a ama aceitando-a como ela realmente é: uma mulher mimada, forte e egoísta. Três diretores trabalharam durante a produção: George Cukor, Sam Wood e Victor Fleming, único creditado no lançamento do filme. “E o vento levou…” é fruto de sua época e retrata preconceitos raciais e étnicos, elementos que jamais seriam aceitos na sociedade moderna. Embora tenha sido criticado por sua política racial, a atriz Hattie McDaniel tornou-se a primeira atriz de origem africana a ser indicada e a vencer um Oscar (Melhor Atriz Coadjuvante).

Outro prêmio inédito foi póstumo, na categoria de Melhor Roteiro Adaptado para Sidney Howard, um dos cinco nomes envolvidos no script ( que incluiu até um dos mais famosos romancistas americanos, Scott Fitzgerald). No total, o filme foi indicado em treze categorias do Oscar, vencendo oito delas e ganhando dois prêmios especiais: levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. A magistral trilha sonora também foi indicada, ainda que não tenha vencido. Como produção cinematográfica é uma obra de altíssimo valor que ultrapassou as barreiras do tempo.
“Francamente, minha querida, eu não estou nem aí.” (Rhett Butler)

3. Cidadão Kane (1941)
Cidadão Kane, dirigido, estrelado, produzido e coescrito por Orson Welles, foi supostamente baseado na vida do magnata da imprensa William Randolph Hearst e conta a história de Charles Foster Kane (Orson Welles) desde sua infância até a ascensão como o magnata editorial mais rico do mundo. Após a morte de Kane, um jornalista fica intrigado em descobrir o significado por trás de sua última palavra antes de morrer: “Rosebud”. “(…) “Rosebud” é o nome comercial do pequeno trenó com o qual Charles Kane brincava quando foi levado para longe da casa e da mãe. Em seu subconsciente, o trenó ficou como símbolo da simplicidade, conforto e do amor da mãe, que ele nunca esqueceu. Quando acordado, Charles Kane jamais se lembrava do trenó nem do nome “Rosebud”. Ele se retira de uma sociedade que não consegue comprar nem controlar e foge para seu castelo, útero e repositório de uma imensa e preciosa coleção, que inclui um pequeno e obscuro brinquedo de seu passado morto“. O filme foi um sucesso de crítica, mas não conseguiu recuperar o seu custo nas bilheterias. Cidadão Kane concorreu em nove categorias do Oscar, mas só venceu como Melhor Roteiro. Os corroteiristas Welles e Mankiewicz dividiram o prêmio. “Ele foi considerado por muitos ao longo de décadas como o maior filme de todos os tempos: um delírio de engenhosidade e criação, uma aula magistral de técnica cinematográfica, estrutura e narrativa”, segundo artigo da BBC News Brasil.
“Na política, sempre nos bastidores, nunca no palco.” (Charles Foster Kane)

4. Casablanca (1942)
Quem nunca ouviu a emblemática frase: “Nós sempre teremos Paris” (We’ll always have Paris), dita por Humphrey Bogart a Ingrid Bergman? “Casablanca“ conta a história de Rick Blaine (Humphrey Bogart), um americano residente em Casablanca, no Marrocos, onde administra a cafeteria Rick’s Café, frequentada tanto por nazistas, funcionários franceses, quanto por refugiados e criminosos. A narrativa se passa durante a Segunda Guerra Mundial, retratando a vida durante a ocupação alemã. Rick acaba reencontrando uma antiga paixão, Ilsa (Ingrid Bergman) que aparece em seu bar ao lado do marido e precisa de ajuda para fugir dos nazistas. O reencontro dos ex-amantes reacende o amor entre eles. O filme foi indicado a oito premiações do Oscar e levou as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor (Michael Curtiz) e Melhor Roteiro Adaptado (eleito o filme com o melhor roteiro da história do cinema em uma votação realizada pelo Writers Guild of America). A frase: “Toque novamente, Sam”, posteriormente imortalizadas por Woody Allen, não são de fato pronunciadas no filme, mas algo muito semelhante: ‘Toque, Sam’. Você tocou para ela, toque para mim’, referindo-se à canção “As Time Goes By”, tema do filme. Para não esquecer jamais!
“E quanto a nós?” (Ilsa). “Nós sempre teremos Paris” (Rick)

5. Os sete samurais (1954)
Os Sete Samurais é um filme japonês de 1954 dirigido por Akira Kurosawa com Toshirô Mifune, Takashi Shimura, Keiko Tsushima . No século XVI, em pleno Japão feudal, uma aldeia rural que está constantemente sob ataques pede a proteção de sete samurais contra uma horda de bandidos que ameaçam roubar as colheitas e as suas mulheres. Seis guerreiros, chefiados por Kambei (Takashi Shimura) e Kikuchiyo (Toshiro Mifune), que não é um samurai legítimo, mas um camponês que se disfarçou para se juntar ao grupo por razões pessoais, aceitam defender os camponeses sem receber nenhum pagamento, apenas em troca de alojamento e comida. Kambei treina os moradores para resistirem a um novo ataque que deve acontecer em breve. Filmado na década de 50, em preto e branco, sua obra revela toda a arte e sensibilidade do cineasta japonês em universalizar temas socioculturais tão arraigados à cultura do seu país. Serviu como referência para inúmeros filmes de ação que vieram depois, como o faroeste americano Sete homens e um destino dirigido por John Sturges (com Yul Brynner, Steve McQueen, Charles Bronson) em 1960. Apesar de não ter ganhado nenhum Oscar, Os Sete Samurais recebeu aclamação da crítica e foi amplamente reconhecido internacionalmente como um dos grandes filmes da história do cinema. Um filme perfeito.
“Fomos derrotados outra vez. Quem venceu foram eles, não nós.” Olhando a aldeia que retorna à vida, e em seguida as tumbas de seus companheiros caídos. (Kambei)

6. Glória feita de sangue (1957)
Dirigido pelo imortal Stanley Kubrick, Glória feita de sangue foi inspirado no romance homônimo de Humphrey Cobb. Baseado em eventos reais durante a Primeira Guerra Mundial, o filme retrata a ação inescrupulosa do general francês Mireau (George MacReady), que estimulado por uma possível ascensão hierárquica, ordena uma investida suicida contra um ponto estratégico extremamente bem guardado pelo exército alemão, quase impossível de ser conquistado. Como nem todos os seus soldados puderam se lançar à ofensiva, ele exige que sua artilharia ataque as próprias trincheiras. O coronel Dax (Kirk Douglas) responsável pelo regimento incumbido da função, acata a determinação e lidera seus homens na ofensiva, que fracassa. Três soldados vão à corte marcial acusados de covardia e são defendidos pelo próprio coronel Dax, mas são condenados à morte. A cinematografia do filme é primorosa, com o uso característico de Kubrick de tomadas longas e de rastreamento para criar uma sensação de realismo e imersão. Inicialmente foi proibido na França devido ao seu retrato crítico das altas autoridades militares francesas. A exibição só foi liberada em 1975. Glória feita de sangue foi indicado a vários prêmios, incluindo o Globo de Ouro de Melhor Diretor. Ganhou o Leão de Prata no Festival de Cinema de Veneza e em 1992, o registro do National Film Preservation Boar, como uma obra preservada para a história. Segundo o próprio Winston Churchill, que combateu na Índia, no Sudão e na África do Sul, a vida nas trincheiras foi retratada com competência e verossimilhança.
“Por que não avançaram?” – pergunta o promotor. “A maioria morreu antes de dar três passos” – responde um dos réus. “O senhor tem testemunha de que desmaiou e por isso não saiu da trincheira?” – indaga o promotor a outro dos réus. E este responde: “Não. Estavam todos mortos ao meu redor”.

7. Doze homens e uma sentença (1957)
Sidney Lumet faz sua estreia em direção com este fascinante drama em 1957. A história se passa em um tribunal de Nova York onde doze jurados devem decidir se um jovem acusado de matar o próprio pai é culpado. O júri é composto por homens de diferentes origens e personalidades, cada um com suas próprias ideias e preconceitos. Ao longo do filme, os jurados discutem os detalhes do caso e a personalidade do réu, fazendo com que a audiência reflita sobre o sistema judicial e as falhas do julgamento por júri. O clima tenso e a atmosfera claustrofóbica da sala de deliberação criam um ambiente desconfortável para o espectador. O filme é marcado por um excelente roteiro, diálogos e atuações marcantes, principalmente de Henry Fonda, que interpreta o jurado número oito (sr. Davis), o único que inicialmente vota pela inocência do réu. “12 Homens e uma Sentença” é frequentemente citado como um exemplo de filme que explora profundamente a psicologia humana e a complexidade do sistema judicial. Com um final particularmente impactante, deixa o espectador refletindo sobre o poder da argumentação e da empatia. Doze homens e uma sentença recebeu três indicações ao Oscar de 1958: Melhor Filme, Melhor Diretor (Sidney Lumet) e Melhor Roteiro Adaptado (Reginald Rose), mas os vencedor em todas essas categorias foi A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai).
“A lei lhes foi dada para ser aplicada.” (Jurado nº 8 )

8. Psicose (1960)
O filme dirigido por Alfred Hitchcock e baseado no livro de mesmo nome de Robert Bloch redefiniu o gênero do terror. Psicose, produzido em preto e branco há mais de seis décadas, teve poucas cenas de violência apresentadas, o roteiro se concentrou muito mais no suspense psicológico. O filme conta a história de Marion Crane (Janet Leigh), que rouba $ 40.000 de seu empregador a fim de ajudar seu namorado a pagar suas dívidas, deixa sua casa em Phoenix, no Arizona e acaba no sinistro Motel Bates em Fairvale, na Califórnia. O estabelecimento é administrado pelo perturbado e aparentemente inofensivo Norman Bates (Anthony Perkins), que mais tarde revelaria uma mortal dupla personalidade psicótica envolvendo a figura misteriosa de sua mãe. Virginia Gregg, Paul Jasmin e Jeanette Nolan fazem aparições não creditadas como a voz da “mãe” Norma Bates; as três vozes foram usadas de forma intercambiável. O filme foi baseado na história real do serial killer Ed Gein. Recebeu quatro indicações ao Oscar: Atriz Coadjuvante (Janet Leigh), Direção (Alfred Hitchcock), Direção de Arte – Preto e Branco – (Joseph Hurley e Robert Clatworthy) e Fotografia (John L. Russell).
“Todos nós enlouquecemos às vezes.” (Norman Bates)

9. Era uma vez no Oeste (1968)
Uma família é dizimada por um matador profissional em virtude de ser proprietária das terras adjacentes a uma estrada de ferro que está para ser construída e resistir em deixá-la. A trama é centrada em quatro protagonistas: um homem misterioso chamado de “Harmônica” interpretado por Charles Bronson, a ex-prostituta Jill McBain (Claudia Cardinale), o anti-herói Cheyenne (Jason Robards) e o pistoleiro de aluguel, Frank (Henry Fonda), cujos destinos se cruzam e se unem em busca de vingança. “Era Uma Vez no Oeste”, dirigido por Sergio Leone, foi seu primeiro filme rodado fora da Europa e o primeiro a colocar a violência em um contexto verdadeiramente político. O filme é famoso por sua estética visual que inclui paisagens épicas, closes impactantes e um excelente uso de luz e sombra. A trilha sonora de Ennio Morricone é outro elemento relevante da obra com seu ritmo lento e deliberado. Morricone escreveu temas harmônicos para cada um dos personagens principais, extremamente marcantes e que sublimam ainda mais as suas cenas. Obra-prima.
Como você pode confiar em um homem que usa cinto e suspensórios? Ele não consegue nem confiar nas próprias calças. (Frank)

10. 2001 – uma odisseia no espaço (1968)
Dirigido por Stanley Kubrick em 1968, ‘2001 – uma odisseia no espaço’ foi pouco compreendido em sua época como relatam alguns críticos, devido a sua narrativa predominantemente visual (apresenta diálogo mínimo e depende fortemente de imagens/ simbolismo para transmitir sua mensagem), também pela subjetividade das interpretações (os personagens são em sua maioria silenciosos e sem emoção, enfatizando a ideia dos humanos como pequenos e insignificantes no grande esquema do universo). O filme segue uma viagem a Júpiter por uma equipe altamente treinada, assistida por um computador de Inteligência Artificial senciente – HAL 9000 – após a descoberta de um misterioso monólito negro soterrado na lua que afeta a evolução humana. O filme é conhecido por seus efeitos visuais inovadores, temas filosóficos e uso de música clássica. “O filme é memorável por sua trilha sonora, resultado da associação feita por Kubrick entre o movimento de satélites e os dançarinos de valsas, o que o levou a usar a valsa Danúbio Azul, de Johann Strauss II, e o famoso poema sinfônico de Richard Strauss, Also sprach Zarathustra, para mostrar a evolução filosófica do Homem, teorizado no trabalho de Friedrich Nietzsche de mesmo nome.” Uma grande experiência visual, como todos os clássicos de Kubrick e um dos maiores filmes de ficção científica da história. Hitchcock dizia que um filme era bom quando ficava uma imagem que não se esquecia. 2001 – Uma odisseia no espaço apresenta várias imagens que não se esquece jamais.
“Deixe-me colocar desta maneira, Sr. Amer. A série 9000 é o mais confiável computador já produzido. Nenhum computador 9000 jamais deu uma informação errada ou distorcida. Nós todos somos, nos termos práticos das palavras… à prova de defeito e incapaz de erros.”(HAL 9000)

11. Butch Cassidy (1969)
O faroeste dirigido por George Roy Hill segue as aventuras da dupla de bandidos Butch Cassidy (Paul Newman) e Sundance Kid (Robert Redford) enquanto eles roubam bancos no estado de Wyoming e fogem da lei no oeste americano. Devido a perseguição implacável e para evitar a captura iminente, Butch Cassidy, Sundance Kid e Etta Place (Katharine Ross) formam um trio romântico de bandidos e fogem para a Bolívia, onde enfrentam sua última resistência contra o exército boliviano. O filme é estrelado por Paul Newman e Robert Redford nos papéis principais e é conhecido por seu humor, ação e trilha sonora icônica que imortalizou “Raindrops Keep Fallin’ on My Head“, música escrita por Bacharach e Hal David, originalmente gravada por B. J. Thomas. Na premiação do Oscar em 1970, venceu nas categorias de Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original (Raindrops Keep Fallin’ on My Head). Recebeu ainda outras três indicações, nas categorias de Melhor Filme, Diretor e Som.
“Como posso ser tão estúpido para continuar voltando aqui?” (Butch Cassidy)

12. O poderoso chefão (1972)
‘O poderoso chefão‘ é um filme policial americano de 1972, dirigido por Francis Ford Coppola e baseado no livro homônimo de Mario Puzo, com o seu roteiro escrito por ambos. O filme é estrelado por um superelenco composto por Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Richard Castellano, Robert Duvall, Sterling Hayden, John Marley, Richard Conte e Diane Keaton. É a primeira parte da trilogia ‘The Godfather’, narrando a família Corleone sob o comando do patriarca Vito Corleone (Marlos Brando) – mafioso italiano residente em Nova Iorque entre os anos de 1945 a 1955. O filme se concentra na transformação de seu filho mais novo, Michael Corleone (Al Pacino), de relutante forasteiro da família a implacável chefe da máfia. “O filme recebeu aclamação esmagadora da crítica e é visto como um dos maiores e mais influentes filmes de todos os tempos, particularmente envolvendo o gênero gangster”. Na cerimônia do Oscar de 1973, O poderoso chefão recebeu onze indicações: Melhor Filme, Melhor Figurino, Melhor Ator (Marlon Brando), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino, James Caan e Robert Duvall), Melhor Edição, Melhor trilha sonora, Melhor Diretor e Melhor Som, mas venceu apenas na categoria de Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.
“Eu vou lhe fazer uma oferta que ele não pode recusar.” (Vito Corleone)
Al Pacino em “O poderoso chefão II”
13. O poderoso chefão: Parte II (1974)
Considero a continuação “O Poderoso Chefão: Parte II” ainda melhor! O “Poderoso Chefão” (primeira parte) justapõe duas histórias: a de Michael Corleone (interpretado em O Poderoso Chefão por Al Pacino) nos anos após ele se tornar chefe dos negócios da família Corleone e a de seu pai, Vito Corleone, quando jovem (interpretado por Robert De Niro). No enredo anterior, ambientado na década de 1950, Michael mudou a família e sua base de operações para Nevada, buscando expandir sua influência para Las Vegas e também para Havana. O outro enredo mostra Vito, primeiro como uma criança chegando à cidade de Nova York no início de 1900 depois que sua família foi morta na Sicília pela máfia local. Ainda jovem, ele é introduzido na atividade criminosa por seu amigo Clemenza (Bruno Kirby), começando com o roubo. Quando um chefe do crime da vizinhança (Gastone Moschin) exige uma parte dos lucros de Vito, ele o mata. Vito ganha mais poder e respeito, mantendo sua devoção à família. Na outra narrativa, Michael recusa um pedido de Frankie Pentangeli (Michael V. Gazzo) para aprovar um golpe na cidade de Nova York, porque isso interferiria nos negócios com o chefão do crime judeu Hyman Roth (Lee Strasberg). A história de Michael então se torna uma história de traição, engano e paranoia. Ele é alvo de tentativas de assassinato e investigações do governo. Sua esposa (Diane Keaton) o abandona, seu irmão Fredo (John Cazale) se volta contra ele, que então deixa de confiar no consigliere Tom Hagen (Robert Duvall). No final, Michael fica sozinho, tendo perdido sua família e sua humanidade essencial. Como não poderia ser diferente, “O Poderoso Chefão II” foi o grande vencedor da noite do Oscar de 1975: Francis Ford Copolla levou os prêmios de Melhor Diretor e de Melhor Filme (a primeira sequência a vencer na história do Oscar); Robert De Niro levou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante; Melhor Roteiro Adaptado para Copolla e Mario Puzo; Melhor Direção de arte para Dean Tavoularis, Angelo P. Graham e George R. Nelson; Melhor Trilha Sonora para Nino Rota e Carmine Coppola. Recebeu ainda mais quatro indicações.
“Nunca odeie seus inimigos. Isso afeta seu julgamento.” (Michael Corleone)

14. Guerra nas estrelas (1977)
Guerra nas Estrelas é uma franquia americana do tipo space opera criada pelo cineasta George Lucas, que conta com uma série de nove filmes de fantasia científica e dois spin-offs. O primeiro filme foi lançado apenas com o título Star Wars, em 25 de maio de 1977, e tornou-se um fenômeno mundial inesperado de cultura popular, sendo responsável pelo início da “era dos blockbusters”, que são superproduções cinematográficas que fazem sucesso nas bilheterias e viram franquias com brinquedos, jogos, livros, etc. Foi seguido por duas sequências, The Empire Strikes Back e Return of the Jedi lançadas com intervalos de três anos, formando a trilogia original, que segue o trio icônico formado por Luke Skywalker(Mark Hamill), Han Solo (Harrison Ford) e Princesa Leia (Carrie Fisher), que luta pela Aliança Rebelde para derrubar o tirano Império Galáctico; paralelamente ocorre a jornada de Luke para se tornar um cavaleiro Jedi e a luta contra Darth Vader, um ex-Jedi que sucumbiu ao Lado Sombrio da Força e ao Imperador. Além dos seis Oscar que recebeu em 1978, o filme também ganhou um prêmio especial pela edição de som do filme, isto é, a criação de sons fora ao som direto (gravado no set). Nessa época ainda não existia uma categoria própria para essa característica técnica, então a Academia premiou a parte esse trabalho de Ben Burtt.(Wikipedia)
“Que a Força esteja com você.”

15. Apocalypse Now (1979)
“Apocalypse Now” é um filme de guerra dirigido por Francis Ford Coppola, baseado na obra “O coração das trevas” de Joseph Conrad. No auge da guerra do Vietnã, o capitão Benjamin Willard (Martin Sheen) é enviado em uma missão perigosa que, oficialmente, “não existe, nem nunca existirá”. Seu objetivo é localizar – e eliminar o misterioso coronel Walter Kurtz (Marlon Brando), um oficial das forças especiais acusado de assassinato, considerado louco, que lidera seu exército pessoal em missões de guerrilha ilegais em território inimigo. “Apocalypse Now” foi um dos primeiros filmes de grande produção a debruçar-se sobre a guerra do Vietnã. Sucesso comercial e de crítica, ganhou duas estatuetas, incluindo Melhor Fotografia e Melhor Som e a Palma de Ouro em Cannes. A trilha sonora soou ao embalo do rock dos anos setenta, apresentou clássicos como “I Can’t Get No Satisfaction” dos Rolling Stones e “The End” do The Doors. O filme que Coppola realizou à beira do precipício – da falência e da loucura – continua atual. A loucura da guerra também.
“Todo homem tem um ponto de ruptura.” (General Corman)

16. O iluminado (1980)
Faz parte da minha top ten list. “O iluminado” é um filme de terror produzido e dirigido por Stanley Kubrick, coescrito com a autora Diane Johnson. O filme é baseado no romance homônimo de Stephen King, de 1977. Jack Torrance (Jack Nicholson), sua esposa Wendy (Shelley Duvall) e seu filho Danny (Danny Lloyd) se mudam para o Overlook Hotel, onde Jack foi contratado como zelador de inverno. O gerente do hotel os avisa para não aceitarem o emprego por conta de uma tragédia ocorrida durante o inverno de 1970. Isolado da civilização por meses, Jack espera lutar contra o alcoolismo e a raiva descontrolada enquanto escreve. A única companhia de Danny durante o longo inverno é um amigo imaginário, Tony (Larry Durkin), que fala com ele e lhe mostra visões das filhas assassinadas de um zelador anterior. O chefe de cozinha do hotel, Dick Halloran (Scatman Crothers), avisa Danny antes de partir para o inverno para não entrar no quarto 237, devido ao seu “dom psíquico”, por ser “iluminado”. O longo inverno e as forças sinistras dentro do hotel afetam Jack, com terríveis consequências quando Wendy descobre no que Jack realmente está trabalhando, em vez do romance que ele afirma estar escrevendo. Curiosamente, “O Iluminado” não recebeu nenhuma indicação ao Oscar, sendo o único entre os últimos de Kubrick a não receber nenhum reconhecimento pela Academia. Na minha opinião, o melhor de todos!
“Eu me lembro de quando eu era garotinho, minha avó e eu tínhamos conversas inteiras sem abrirmos a boca. Ela nos chamava de ‘iluminados’. Por um longo tempo pensei que apenas nós dois éramos os ‘iluminados’. Assim como você deve ter pensado que era o único, mas há outras pessoas, mas que na maioria não têm consciência, ou não acreditam”. (Dick Hallorann)

17. E.T. O extraterrestre (1982)
E.T. O extraterrestre encheu meu coração de alegria. Filme animado, inocente, que fala de amizade e de amor. Uma criatura de outro planeta, visitando a Califórnia numa missão botânica, é deixada para trás por sua nave nos arredores de Los Angeles. Depois de ser perseguido por adultos ameaçadores através de um bosque, o ser extraterrestre que se comunica por música e luzes, faz amizade com Elliott (Henry Thomas), de 10 anos, que pede a ajuda do irmão mais velho Michael (Robert MacNaughton) e da irmã mais nova Gertie (Drew Barrymore) para lidar com o novo amigo. E.T aprende a falar e as crianças o ajudam a entrar em contato com seu próprio planeta. A mensagem de E.T. é de paz em sua missão de curar e fazer as coisas florescerem. “E.T. O Extraterrestre” é um bom lembrete para que servem os filmes: alguns nos fazem pensar, fazem rir, outros mexem com a sensibilidade, outros dispersam o pensamento e nos afastam da realidade, ainda que por um breve momento. O que há de encantador em “E.T.” é que, em certa medida, ele exerce todos esses papéis. E.T. é um daqueles filmes que, quando as luzes se acendem, não há um olho seco na sala. Mais uma obra-prima de Steven Spielberg.
“Gente grande não vê ele. Só crianças podem ver. E.T.” (Elliott)

18. Blade Runner, o caçador de andróides (1982)
A obra-prima de Ridley Scott foi inspirada no livro ‘Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?‘ de Philip K. Dick. A combinação da narrativa distópica de Philip K. Dick e a direção de Ridley Scott é sinônimo de um filme de ficção científica sem precedentes. A história se passa em uma Los Angeles futurística de 2019 onde a humanidade convive com androides chamados replicantes, destinados ao trabalho escravo fora do mundo. Quando alguns replicantes se amotinam e tentam escapar de volta para a Terra, eles são declarados ilegais e condenados à execução (o eufemismo é “aposentado”) imediatamente. O filme segue o protagonista Rick Deckard (Harrison Ford), um caçador de replicantes fugitivos – blade runner – como são chamados os humanoides artificiais criados pela Corporação Tyrell para trabalhar na exploração das colônias terrestres. Se os replicantes amotinados conseguirem passar despercebidos, existe um “plano B” em vigor: eles foram programados com uma vida útil máxima de quatro anos que não pode ser alterada. Ao longo da trama, Deckard é confrontado com questões existenciais sobre a natureza da vida e o que é ser humano enquanto persegue o replicante Roy Batty (Rutger Hauer), um personagem intencionalmente construído para evidenciar inteligência e humanidade equivalentes às de seu caçador; e se apaixona por Rachael (Sean Young), uma replicante que tem falsas memórias e falsa documentação. A estética noir e cyberpunk do filme, aliada à trilha sonora de Vangelis, se tornaram referências para a cultura pop. O filme provoca uma boa reflexão sobre a natureza humana, sobre quem somos, sobre inverter os papéis do criador e da criação.
“Morrer pela causa certa. É a coisa mais humana que podemos fazer.” (Freysa)

19. Seven – Os sete crimes capitais (1985)
Dirigido por David Fincher, Seven é sobre um serial killer – John Doe, como se chama (Kevin Spacey), sádico e extremamente disciplinado que decide matar sete pessoas, inspirado nos sete pecados capitais, de sete maneiras diferentes. O uso dos sete pecados capitais como motivo é habilmente entrelaçado na história. Brad Pitt e Morgan Freeman interpretam os dois policiais que investigam e tentam deter o assassino, que deixa pistas em cada cena do crime, oportunizando sua captura antes que mate a próxima vítima. Morgan Freeman interpreta o experiente detetive William Somerset, policial veterano, próximo à aposentadoria recebe a notícia que terá um novo parceiro, o detetive David Mills (Brad Pitt) policial jovem em começo de carreira que especificamente pediu sua transferência para lá. John Doe é capturado. Mesmo depois de ter sido preso intencionalmente, o assassino tem uma carta na manga – um gesto horrível destinado a incitar detetive Mills a cruzar a linha entre a justiça e a vingança. O final chocante do filme contém um dos encerramentos mais inesquecíveis do cinema e o impacto que causa nos espectadores é uma prova da narrativa especializada do cineasta. Seven é sem dúvida um dos melhores filmes do gênero suspense/policial de todos os tempos.
“Longo e árduo é o caminho que do inferno conduz a luz.” (William Sommerset)

20. Platoon (1986)
Dirigido por Oliver Stone, Platoon conta a história do jovem soldado Chris Taylor, interpretado por Charlie Sheen, que se alista na Guerra do Vietnã (1955-1975) em 1967. Chris é designado para um pelotão de infantaria perto da fronteira do Camboja comandado por dois sargentos com estilos de liderança opostos, interpretados por Tom Berenger (Sargento Barnes) e Willem Dafoe (Sargento Elias). Conforme Chris testemunha a brutalidade e a violência da guerra, ele começa a questionar a moralidade de sua missão e os motivos de seus companheiros que ali estão. Com cenas intensas de batalha, a narrativa explora os efeitos psicológicos da guerra, seu impacto sobre os soldados e a ambiguidade moral do conflito. “Platoon” foi aclamado pela crítica e ganhou vários prêmios, incluindo Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor (Oliver Stone), Melhor Som e Melhor Montagem. Foi também indicados nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Tom Berenger e Willem Dafoe), Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia. Amplamente considerado um dos melhores filmes de guerra já feitos, Platoon é frequentemente citado por seu realismo e autenticidade. Baseado nas próprias experiências de Stone como soldado no Vietnã, oferece uma perspectiva única e pessoal sobre a guerra. O elenco também inclui vários atores notáveis, como Johnny Depp, Forest Whitaker e Kevin Dillon. A trilha sonora apresenta músicas icônicas da época, incluindo canções de The Doors e Jefferson Airplane. Em sua revisão no The New York Times, Vincent Canby descreveu Platoon como “possivelmente o melhor trabalho de qualquer tipo sobre a Guerra do Vietnã”.
“Penso agora, olhando para trás, que não lutamos contra o inimigo, lutamos contra nós mesmos. O inimigo estava em nós. A guerra acabou para mim agora, mas sempre estará viva para o resto de nossos dias…Apesar disso, nós que saímos vivos temos a obrigação de manter a memória viva. Para ensinar aos outros o que sabemos e tentar, com o que sobrou de nossas vidas, ensinar a bondade e um sentido para a vida“. (Chris Taylor, falando sobre o Vietnã que deixava para trás.)

21. Dirty Dancing – Ritmo quente (1987)
Eu morava nos Estados Unidos quando este filme foi lançado na década de oitenta. Devo ter ido ao cinema meia dúzia de vezes com amigas diferentes para assistir Patrick Swayze dar o seu show. O filme se passa em 1963 e conta a história de Baby (Jennifer Grey), uma jovem de dezessete anos que passa as férias de verão com sua família no resort Kellerman, nas montanhas, um lugar voltado para o lazer da alta sociedade. Lá, ela conhece Johnny (Patrick Swayze), instrutor de dança do resort por quem se apaixona. Filme musical com uma história de romance de pano de fundo: por mais clichê que possa parecer, Dirty Dancing teve muito chame e encantamento. Quando o assisti novamente, anos depois, não demorei para lembrar por que eu adorei esse filme: ver Patrick Swayze (Johnny) em ação é simplesmente fascinante! Ele não está apenas dançando com sua “elástica” e super flexível parceira Penny (Cynthia Rhodes), mas sim fundindo-se a ela enquanto exibem suas habilidades em um salão lotado de bailarinos e público. O efeito é eletrizante. As sequências de dança ao longo do filme são igualmente provocantes, oscilando entre a inocência e a sedução. Sempre gostei de filmes de dança e Dirty Dancing traz lembranças especiais, quando eu definitivamente “had the time of my life.”
“Este é o meu espaço de dança. Esse é o seu. Eu não invado o seu e você não invade o meu”. (Johnny)
22. Cinema Paradiso (1988)
O filme é contado pelo olhar nostálgico e comovente do diretor italiano Giuseppe Tornatore, sobre o caso de amor de um homem com o cinema e a história uma amizade muito especial. A narrativa se passa em uma pequena cidade da Sicília na década de 1940, e conta a história de Toto (Salvatore Cascio), um menino que é fascinado pelo cinema e se torna amigo do projecionista do Cinema Paradiso, Alfredo (Philippe Noiret), um homem mais velho que oferecia conselhos sobre a vida, sobre o amor, especialmente sobre como administrar um cinema. Toto trabalhou como aprendiz de Alfredo até o dia em que o Paradiso pegou fogo. Quando um novo cinema foi erguido no mesmo local, um adolescente Salvatore (Marco Leonardi) tornou-se o projecionista, mas Alfredo, agora cego por causa dos ferimentos sofridos no incêndio, ficou em segundo plano, desempenhando o papel de confidente e mentor do menino que amava como um filho. O filme começa com Salvatore agora adulto (Jacques Perrin), famoso diretor de cinema, recebendo a notícia da morte de Alfredo. Ele volta para sua cidade natal para o funeral e começa a relembrar sua infância e adolescência, quando frequentava o cinema local e era fascinado por Alfredo e pelos filmes que ele projetava. Após o funeral, o filme culmina com uma das cenas mais emocionantes da história do cinema, quando Salvatore mergulha no passado ao assistir a uma montagem feita por Alfredo, dos recortes de filmes colecionados através do tempo. A trilha sonora original de Ennio Morricone é carregada de lirismo e profunda emoção. O compositor afirmou reiteradas vezes que aceitou compor a trilha sonora de Cinema Paradiso por ter a absoluta convicção de que se tratava de um autêntica obra-prima. Cinema Paradiso levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1990.
“Eu não vou conhecer todos os lugares que desejo, nem tudo e todos que quero. Não posso viajar no tempo. Não consigo acabar com a saudade, nem conseguirei. Eu vou morrer algum dia. O cinema é só um sonho.” (Giuseppe Tornatore)

23. A sociedade dos poetas mortos (1989)
A história se passa no ano de 1959 em uma tradicional escola preparatória para meninos, a Academia Welton, em Vermont nos Estados Unidos. Todd Anderson (Ethan Hawke) e seus amigos mal conseguem acreditar no quanto suas vidas mudaram desde que seu novo professor de Literatura, o extravagante John Keating (Robin Williams), também ex-aluno da instituição, os desafiou a “tornar suas vidas extraordinárias”! Inspirados por Keating, que utiliza métodos de aprendizagem bem diferenciados, os meninos ressuscitam a “Dead Poets Society” (Sociedade dos Poetas Mortos) – um clube secreto onde, livres das restrições e expectativas da escola e dos pais, eles deixam suas paixões fluírem. À medida que Keating mostra aos meninos pensamentos de autores como Byron, Shelley e Keats, eles descobrem não apenas a beleza da linguagem, mas a importância de fazer valer cada momento. “‘Carpe diem’. Aproveitem o dia rapazes. Façam sua vida extraordinária“: Keating introduz o conceito de Carpe diem, frase latina que significa “aproveite o dia” e de ‘finitude’, enfatizando a importância de usufruir da melhor forma possível o momento que se vive, porque a vida passa muito rápido. O professor estimula seus alunos a priorizarem suas escolhas, a não viver conforme visões convencionais, a pressão social do que é determinado como “certo”. Todavia os membros dos Poetas Mortos logo percebem que sua recém-descoberta liberdade pode ter consequências trágicas. O filme chama especial atenção para as artes, a liberdade intelectual e a criatividade, entre outras questões que merecem ser abordadas com maior profundidade. Dirigido por Peter Weir, A sociedade dos poetas mortos recebeu indicação ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator (Robin Williams) e venceu na categoria de Melhor Roteiro Original em 1990.
“…Poesia… Nós não lemos e escrevemos poesia porque é bonito, nós lemos e escrevemos poesia porque pertencemos a raça humana e a raça humana está cheia de paixão…” (Sr. Keating)

24. O silêncio dos inocentes (1991)
Baseado no romance homônimo de Thomas Harris (1988), dirigido por Jonathan Demme e estrelado por Anthony Hopking/ Jodi Foster, o filme foi lançado em 1991 e arrecadou mais de 130 milhões de dólares durante sua exibição nos Estados Unidos. Conta a história da jovem estagiária do FBI, Clarice Starling (Jodi Foster) e o Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), psiquiatra brilhante e assassino canibal que se encontra preso em um manicômio de segurança máxima, condenado à prisão perpétua por nove homicídios. Em meio às investigações de uma série de assassinatos, Clarice é escalada para solicitar ajuda do próprio serial killer Dr. Lecter, para prender outro assassino em série conhecido como “Buffalo Bill” (Ted Levine). Ao seguir as pistas apontadas por Dr. Lecter, Clarice se envolve em uma trama perigosa, cujo jogo de enigmas elevam a tensão do filme. O Silêncio dos Inocentes ganhou cinco prêmios da Academia, entre eles Melhor Filme, Melhor Diretor (Jonathan Demme), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Anthony Hopkins) e Melhor Atriz (Jodi Foster). Foi o terceiro filme da história a receber todos os cinco prêmios principais (o último também) e, ao fazê-lo, garantiu seu lugar como um clássico para críticos e fãs de terror.
“Cobiçamos o que vemos todos os dias.” ( Hannibal Lecter)

25. A lista de Schindler (1993)
Vencedor de sete prêmios da Academia, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor (Steven Spielberg), A lista de Schindler narra a inusitada história de Oskar Schindler (Liam Neeson), o industrial alemão que, junto com sua esposa Emilie Schindler, salvou a vida de mais de mil e cem judeus durante o Holocausto. Schindler chega na cidade de Cracóvia, na Polônia, com a esperança de fazer fortuna lucrando com a guerra. Membro do Partido Nazista, opera subornos para oficiais da Wehrmacht e da SS em troca de contratos. Patrocinado pelos militares, ele adquire uma fábrica para produzir panelas para o exército, onde acaba empregando os judeus refugiados, de onde ele finalmente os transfere em segurança para a Tchecoslováquia. “Sem saber muito como comandar a empresa, ele ganha a colaboração de Itzhak Stern (Ben Kingsley), um oficial da Judenrat (Conselho Judeu) de Cracóvia que possui contatos com a comunidade empresária de judeus e os mercadores clandestinos dentro do Gueto.” Outro personagem importante na trama é Amon Leopold Goeth interpretado pelo ator Ralph Fiennes. Göth era o oficial austríaco nazista e comandante do campo de concentração de Płaszów, que chega em Cracóvia para supervisionar a sua construção.

Garantir um lugar na lista de Schindler, representava a última oportunidade de sobrevivência para um prisioneiro judeu. A obra fala do triunfo de um homem que fez a diferença e o drama daqueles que sobreviveram a um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade por conta de seus atos. O filme conta uma história poderosa, cujas lições de coragem e fé continuam a inspirar outras gerações. Baseado no romance A Lista de Schindler de Thomas Keneally, publicado em 1982, o livro recebeu recebeu o Booker Prize no ano seguinte e em 1993 foi adaptado para o cinema na produção memorável de Steven Spielberg.
“Esta lista… é um bem absoluto. A lista é vida. Tudo ao redor de suas margens é um precipício.” (Itzhak Stern)

26. Um sonho de liberdade (1994)
Baseado no conto “Rita Hayworth and Shawshank Redemption” (escrito por Stephen King), ‘Um Sonho de Liberdade’, o filme dirigido por Frank Darabont, não apenas retrata a vida dos presos na Penitenciária Estadual de Shawshank e a fuga de um detento preso injustamente, mas fala de amizade, esperança e redenção. Conta a trajetória de Andy Dufresne (Tim Robbins), um homem inocente condenado à prisão perpétua pelo assassinato de sua esposa e o amante dela no ano de 1946. A história é narrada em primeira pessoa por Red (Morgan Freeman), amigo de Andy também condenado à prisão perpétua, que controla o mercado clandestino no presídio e já cumpria sua pena há vinte anos quando Andy chegou. As habilidades contábeis de Andy são úteis e ele começa a pagar os impostos para os guardas e a lavar dinheiro para o corrupto diretor prisional, o que lhe confere o confortável trabalho de bibliotecário.

Frank Darabont extrai performances intensas de Morgan Freeman e Tim Robbins quase como almas gêmeas que se apoiam enquanto passam por momentos difíceis. Red vê a esperança como algo perigoso que pode levar um homem à loucura, mas Andy acredita ser o combustível que mantém alguém seguindo adiante contra todas as probabilidades. Um sonho de liberdade foi indicado a sete prêmios da Academia na cerimônia do Oscar de 1995, mas não venceu nenhum. Foram eles: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado (Frank Darabont), Melhor Ator (Morgan Freeman), Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Som. Maravilhoso!
“Eu espero conseguir cruzar a fronteira. Eu espero ver meu amigo e apertar a mão dele. Eu espero que o Pacífico seja tão azul quanto era em meus sonhos. Eu espero”. (Red)

27. Pulp fiction: tempo de violência (1994)
O estilo inconfundível de Quentin Tarantino fez de Pulp Fiction um dos filmes mais importantes da década de 90. Destaque a sua narrativa não-linear, diálogos afiados, personagens icônicos e ainda por cima uma trilha sonora pra lá de memorável. Lançado em 1994, a trama entrelaça três histórias diferentes (quatro, se contarmos com a do casal que tenta roubar um diner): sobre dois assassinos profissionais, o gângster que os chefia e sua esposa, e um pugilista pago para perder uma luta. Cada uma com seu próprio início, meio e fim, mas que se comunicam entre si dentro da temática do filme. O roteiro, assim como na maioria dos demais trabalhos de Tarantino é apresentado fora da ordem cronológica. Ele manipula habilmente o tempo e os eventos para criar uma narrativa com diálogos ricos e ecléticos, uma mistura irônica de humor e violência. Impossível esquecer a cena da célebre conversa sobre o “Royal with cheese” entre John Travolta (Vincent) e Samuel L. Jackson (Jules); o discurso de Jules sobre “Ezequiel 25:17” ou a clássica cena de dança entre Vince e Mia Wallace (Uma Thurman). Os personagens do filme são muito bem construídos, desde os assassinos de aluguel carismáticos até os gângsteres excêntricos. A visão estilizada do cinema por parte do diretor é evidente em cada quadro, ao aproveitar ao máximo o espaço para criar tensão e explorar a violência gráfica, sem nunca perder o equilíbrio entre o choque e o entretenimento. Pulp Fiction contou com um elenco de estrelas envolvendo John Travolta, Samuel L. Jackson, Bruce Willis, Tim Roth, Amanda Plummer, Ving Rhames, Rosanna Arquette, Eric Stoltz, Uma Thurman, Christopher Walken, Maria de Medeiros, Harvey Keitel, Duane Whitaker, Peter Greene e Quentin Tarantino. Pulp Fiction foi indicado a sete Oscars em 1995. O filme venceu na categoria de Melhor Roteiro Original, escrito por Quentin Tarantino e Roger Avary. Também recebeu indicações para Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Samuel L. Jackson), Melhor Atriz Coadjuvante (Uma Thurman), Melhor Edição e Melhor Mixagem de Som.
“Hambúrgueres: a pedra angular de qualquer café da manhã nutritivo” (Jules Winnfiel.)

28. O resgate do soldado Ryan (1998)
A obra prima de Steven Spielberg ao lado de A lista de Schindler. Embora ambos ocorram durante o mesmo período de tempo, eles focam em ideias diferentes. Filmes que precisam ser vistos, não há como descrever adequadamente o seu impacto. O Resgate do Soldado Ryan narra a trajetória de oito soldados americanos, sob o comando do Capitão John Miller (Tom Hanks), na tentativa de resgatar com vida o soldado James Ryan (Matt Damon), caçula de quatro irmãos, dos quais três morreram em combate durante os últimos estágios da Segunda Guerra Mundial. A missão é difícil de ser executada e frente a brutal realidade da guerra, o batalhão começa a questionar por que oito homens deveriam arriscar as próprias vidas para salvar apenas um. Em O Resgate do Soldado Ryan não há vilões humanos, e o inimigo não são tanto os alemães quanto o espectro implacável e destrutivo da guerra. A questão central do filme (quando uma vida é mais importante que outra?) nunca é realmente respondida. Steven Spielberg prova com O Resgate do Soldado Ryan que é o maior diretor de todos os tempos. Um gênio criativo cujos filmes sempre mexem com as emoções e despertam os sentidos. Indicado ao Oscar de melhor filme de 1998, este é o drama antiguerra mais importante já feito. Vencedor de cinco prêmios da Academia, incluindo Melhor Diretor, recebeu também Oscar por Fotografia, Montagem, Som e Montagens de Efeitos Sonoros. ‘O resgate do soldado Ryan’ e ‘A lista de Schindler’ foram os melhores filmes da década na minha opinião.
“A guerra educa os sentidos, estimula a vontade, aperfeiçoa a constituição física, leva os homens a uma colisão tão próxima que o homem é a medida do homem.”

29. Gladiador (2000)
Dirigido por Ridley Scott, Gladiador conta a história fictícia de Maximus (Russell Crowe) – um general romano que se torna vítima de um golpe do próprio filho de César Marcus Aurelius (Richard Harris), Commodus (Joaquin Phoenix). Maximus é destituído de seu posto e condenado a ser escravo nas arenas de luta da indústria de gladiadores de Roma, enquanto Commodus ordena a execução de sua esposa e filho. Alimentado por vingança pela morte de sua família, Maximus usa seu treinamento de combate e experiência militar para subir rapidamente nas fileiras dos mais ferozes gladiadores, tornando-se um símbolo de esperança para os cidadãos perseguidos de Roma antes de ficar cara a cara com o imperador Commodus. A produção se destaca pela atenção aos detalhes, recriando a grandiosidade da arquitetura romana, a imponência do Coliseu e os figurinos extravagantes. As cenas de batalha são coreografadas de maneira precisa, com lutas de espada intensas e corridas de bigas que mantêm a tensão ao longo do filme. No seu âmago, Gladiador é uma história de resiliência e da força indomável do espírito humano. Ele inspira o espectador a torcer pelo herói improvável, a acreditar no poder da justiça e a lutar pelo que é certo. O filme desperta múltiplas emoções e gera discussões relevantes sobre a moralidade e a busca pela honra. Gladiador arrecadou US$ 503 milhões de bilheteria e recebeu doze indicações ao Oscar, ganhou cinco estatuetas, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Russell Crowe.
“O que fazemos em vida, ecoa na eternidade.” (Maximus)

30. Cidade de Deus (2002)
Dirigido por Fernando Meirelles e baseado no livro homônimo de Paulo Lins, Cidade de Deus segue como o grande representante do cinema brasileiro no mercado internacional. Buscapé (Alexandre Rodrigues), jovem negro, fotógrafo do Jornal do Brasil, morador da favela Cidade de Deus, um jovem que tenta se distanciar da realidade violenta da periferia, narra a evolução da favela através da história de Dadinho – depois Zé Pequeno – (Leandro Firmino) e seus comparsas. O filme acompanha a trajetória de diversos personagens, retratando a violência, a pobreza e a corrupção que permeiam a Cidade de Deus. Buscapé, com sua câmera, observa e registra o cotidiano local, incluindo os confrontos entre gangues rivais e a ascensão criminosa de Zé Pequeno. Com um elenco de desconhecidos, o filme de Fernando Meirelles encantou público e crítica, alcançou feitos inéditos para o cinema brasileiro e Cidade de Deus recebeu quatro indicações ao Oscar em 2004: Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani), Melhor Edição (Daniel Rezende) e Melhor Fotografia (César Charlone). Cidade de Deus é o segundo filme de fora dos Estados Unidos mais visto do mundo, segundo levantamento da Preply com base nos dados do IMDB, ficando atrás apenas do francês ‘Intocáveis’, de Olivier Nakache e Éric Toledano.
“Lá não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha ônibus. Mas, pro governo dos ricos, não importava o nosso problema.” (Malandro)
E você? Quais os filmes marcaram a sua vida?
2 Comentários
Riquíssimo resgate dessas obras primas. Assisti todos. Comecei a ler e não consegui parar. Belo mergulho na historia do cinema. Parabéns…amei
Quanta obra-prima reunida! Parabéns pela seleção. Achei fenomenal!!! E.T. me faz chorar até hoje. E o que dizer de Um sonho de liberdade? Em minha opinião, o melhor filme que já existiu!!