É comum dizer que, por trás de todo homem de sucesso, há uma grande mulher. O dito popular se aplica ao grande pintor holandês Vincent Van Gogh. Vamos conhecer a história da grande mulher por trás do pintor van Gogh.
Johanna Gezina van Gogh-Bonger nasceu em Amsterdã, em 4 de outubro de 1862, e faleceu em 2 de setembro de 1925, com 62 anos, em Laren, Holanda.
Johanna estudou inglês e trabalhou como professora de um internato feminino em Elburgo e depois em uma escola secundária de Utreque. Ela conheceu o comerciante de arte Theo van Gogh (1857 – 1891), com quem se casou em 1889 e foi viver em Paris com seu marido. O único filho do casal, Vincent Willem van Gogh, nasceu no ano seguinte e recebeu o nome Vincent em homenagem ao irmão de Theo.
O cunhado de Johanna, o pintor Vincent van Gogh (1853 – 1890), acabou cometendo suicídio em 1890. Theo já estava com a saúde fraca e morreu alguns meses depois em 1891. Dessa forma, Johanna tornou-se a herdeira das mais de duas mil pinturas e novecentas cartas de seu cunhado.
Viúva aos 28 anos, com um filho de um ano para criar, Johanna era professora de idiomas e tinha pouco ou nenhum conhecimento de artes, de estratégias ou de marketing.
Theo tinha projetos de promover as obras do irmão por meio de exibições e publicação de suas cartas, e Johanna compartilhou com o marido o sentimento de que a obra do cunhado era valiosa. Ela assumiu suas ideias em homenagem a seu falecido marido e como meio de sustentar seu filho. Também acreditou nas obras do cunhado, mas precisou de estratégia e persistência para colocá-lo no mercado das artes.
Depois da morte do marido, Johanna mudou-se de Paris para Bussum, a 30 km de Amsterdã, onde montou uma pousada e alugava quartos. Ela enfeitou as paredes da pousada com os quadros de Van Gogh que guardava e aproveitava para conversar com os hóspedes sobre arte, pintura e sobre os quadros do cunhado. Também passou a manter contato com o meio artístico local e se mantinha atualizada pela leitura de jornais de arte e revistas.
Johanna deu início ao trabalho de divulgar a obra do cunhado. Escrevia para galerias e críticos de arte e passou a circular pela Europa com quadros debaixo do braço e o filho a tiracolo. Conseguiu organizar a primeira exposição individual de Van Gogh, em Amsterdã, em 1892, mas enfrentou preconceito porque era mulher e não era profissional do ramo das artes.
Em 1895, conseguiu incluir 20 quadros de Van Gogh em importante galeria de Paris, mas seguiu a premissa, hoje consagrada entre os marchands, de ficar com as obras mais valiosas em seu próprio acervo.
Só em julho/agosto de 1905, 15 anos depois da morte dos irmãos Van Gogh, promoveu grande exposição da obra de Van Gogh no Museu Stedelik, de Amsterdã. Organizou tudo sozinha. Foi a maior exposição da obra de Van Gogh até hoje, com 484 quadros.
Duas mil pessoas acorreram para ver as obras. Um crítico tachou a exposição de escandalosa, mais apropriada para análise psicológica que para admiração artística. Algumas pessoas riram das telas; seus quadros ainda causavam estranheza. Mas o nome van Gogh começou a ser conhecido como um fenômeno das artes holandesas.
Johanna foi uma das principais responsáveis pelo crescimento da fama de seu cunhado e popularização de seu trabalho. Ela transformou 400 telas sem qualquer valor de um pintor rejeitado, internado várias vezes em sanatórios, em um dos maiores fenômenos da arte moderna. Serviço digno de profissionais de marketing, numa época em que não se falava em marketing.
Grande parte das obras de Van Gogh compõe o acervo do Museu van Gogh, em Amsterdã, dirigido pela família por meio da Fundação van Gogh.
A empreendedora Johanna Gezina van Gogh-Bonger impulsionou o sucesso de Van Gogh. O livro sobre sua vida, produzido por Hans Luitjen (Alles fur Van Gogh – Tudo por Van Gogh), lançado em holandês em 2019, ainda não tem tradução pra o português.
1 comentário
Muito interessante
Ja vi varios trabalhos sobre Van Gogh,mas nenhum deles menciona sua cunhada
Que pelo visto,investiu e deu certo
👏👏👏