Talvez as crianças nunca tenham sofrido tantas ameaças quanto as que enfrentam no presente século.
Ameaças às crianças
Verdade que em séculos passados enfrentaram pestes, doenças, falta de medicamentos, maus tratos, guerras e desconsideração para com a condição de criança. Mas a maioria das ameaças atuais se situa no campo psicológico.
Erotização prematura. Adultização. Deformação da sexualidade. Aprisionamento a celulares e a meios eletrônicos.
Pais indiferentes ou, ao contrário, pais condescendentes que fazem tudo que os filhos querem (ou mandam fazer). Filhos que denunciam pais por qualquer palmada ou forma mais rígida de educar.
Falta de respeito para com pais e professores. Ousam considerar a professora como “sua empregada”, porquanto os pais pagam o salário dela.
Crianças senhoras de direitos e obrigadas a poucos deveres.
Exploração sexual por adultos.
Falta de formação religiosa.
Responsabilidade dos pais
Ameaças por conta exclusivamente delas, crianças? Claro que não. A maior parte da responsabilidade cabe aos pais, que não educam os filhos ou acham que estão educando ao pretenderem dar os filhos tudo o que eles, pais, não tiveram.
Assim agindo, criam crianças mimadas e fracas, que se julgam o centro do mundo e, em consequência, acham que o mundo deve satisfazer-lhes todas as vontades. Dá a uma criança e a um porco tudo o que querem, e terás um excelente porco e uma péssima criança.

Não houve, na Grécia Antiga, exército mais forte e poderoso que o de Esparta. Até hoje, a civilização espartana é admirada, porque tinha os mais disciplinados e preparados soldados.
Como os espartanos eram preparados?
Primeiramente com disciplina e com código de honra e de conduta. Desde cedo sabiam o que é a honra e viviam sob os ideais da honra e do código de conduta moral.
A autodisciplina é essencial para possibilitar o atingimento de objetivos, sem se deixar distrair por coisas supérfluas e desnecessárias, como joguinhos de celular.
A autodisciplina contribui mais para o êxito de uma pessoa que o QI elevado.
Educa-se com amor
Educar é impor limites, pois na vida todos enfrentamos limites e temos de distingui-los e saber como nos adaptarmos a eles.
Educar não se contrapõe ao amor; educa-se com amor e por amor aos filhos. Se os pais deixarem para o mundo educar, o mundo é cruel e ensina sem amor.
Educar as crianças de hoje equivale a evitar punir os adultos de amanhã.
Os espartanos treinavam em condições adversas, pois pregavam que a comodidade e o conforto são inimigos do progresso e do desenvolvimento físico e moral.

Evidentemente, não estou a pregar a rígida formação militar espartana de antigamente para a educação atual das crianças. Mas retirar as crianças da zona de conforto, fazê-las enfrentar desafios ao invés de enfrentá-los por elas, fazê-las assumir responsabilidades e fazê-las aprender a lidar com o estresse e com frustrações fortalecerão seu caráter e as tornarão adultos mais preparados para enfrentar o mundo.
Dificuldades e desafios ajudam a desenvolver novas habilidades.
Derrotas, erros e desapontamentos não devem jamais ser motivo de frustração, mas de evoluir, de aprender a se superar, de aprender com o erro e de esforçar-se para não repeti-los. As crianças devem aprender que os erros são inerentes à condição humana e a aprendizagem pelo erro pode auxiliar na evolução moral e intelectual.
Superar erros e fracassos faz parte da mentalidade de crescimento, amadurecimento e evolução.
As atividades físicas das crianças de hoje se destinam mais a dar-lhes ocupação que despertar nelas o sentimento de “corpo são em mente sã”.
Esportes coletivos ensinam a convivência em grupo e a obediência de regras. Esportes individuais – corridas, caminhadas, saltos, arremessos – desenvolvem concentração e resiliência.
Enfim, a geração atual está tão caótica porque as virtudes tão exaltadas de civilizações passadas foram abandonadas.
Repetindo citação que circula nas redes sociais, “Homens fracos criam tempos difíceis. Tempos difíceis criam homens fortes. Homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis criam homens fracos”.
Educação frouxa cria homens fracos.
Cláudio Duarte.
Colunista e colaborador do Portal iMulher.
